Covid-19. Mortalidade vai aumentar e máscara recomendada quando existir risco de contágio

A mortalidade por covid-19 deverá aumentar em Portugal nos próximos 30 dias e a atual vaga de infeções deve provocar cerca de 30 milhões de horas de trabalho perdidas, segundo relatório do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a pandemia.
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A mortalidade por covid-19 deverá aumentar em Portugal nos próximos 30 dias, segundo relatório do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a pandemia, que recomenda o uso de máscara sempre que exista risco de contágio.

"Os óbitos diários em média móvel a sete dias passaram de 20.3 para 30.3 desde 16 de maio, uma subida de 50% que se acentuará nos próximos dias. A recente subida de casos provavelmente contribuirá para a subida deste indicador nos próximos 30 dias", estima a análise de risco elaborada pelo grupo de trabalho do IST.

O documento produzido por Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro, que compõem este grupo de trabalho coordenado pelo presidente do Técnico, Rogério Colaço, adianta que, com dados de 22 de maio, o Indicador de Avaliação da Pandemia (IAP) do IST e da Ordem dos Médicos estava nos 84 pontos, acima do "nível de alarme", podendo chegar aos 90 pontos, tendo em conta as previsões de internamentos.

O IAP combina a incidência, a transmissibilidade, a letalidade e a hospitalização em enfermaria e em cuidados intensivos, apresentando dois limiares: o nível de alarme, quando atinge os 80 pontos, e o nível crítico, quando chega aos 100 pontos.

De acordo com os especialistas do IST, o índice de transmissibilidade (Rt) - que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus - está nos 1,13 em Portugal, quando em 09 de maio registava 1,17.

"Aconselhamos o reforço da monitorização e passar a mensagem de que o perigo pandémico ainda não terminou. Recomendamos a utilização de máscara sempre que o risco de contágio possa existir", refere o documento.

De acordo com o relatório, o uso de máscara é assim recomendado em grandes eventos de massas ao ar livre, em concertos e eventos em ambiente fechado e em contexto laboral, quando se verifica uma proximidade entre trabalhadores inferior a dois metros.

Os dados do IST indicam também que a incidência em média a sete dias subiu de 14.267 para 27.388, o que se "deve, quase certamente, à retirada abrupta do uso de máscara em quase todos os contextos e à nova linhagem BA.5 da variante Ómicron" que está instalada no país.

"A positividade dos testes mantém-se em níveis altíssimos, acima dos 59%", avança o relatório, que atribui essa subida à "eliminação da gratuitidade dos testes nas farmácias, o que leva o público a testar apenas para confirmar teste realizado de forma privada".

A letalidade (número de óbitos face aos casos de infeção) "está a subir desde 06 de fevereiro. Passou em cerca de dois meses para o dobro dos valores de fevereiro", estando atualmente nos 0,25%, o documento alerta que considera registável uma tendência de subida neste indicador "por diminuição do efeito da imunidade acima dos 70 anos".

A atual vaga de infeções pelo SARS-CoV-2 vai provocar cerca de 30 milhões de horas de trabalho perdidas, prevê um relatório do IST sobre a pandemia.

"Nesta sexta vaga, o custo de deixar o vírus da covid-19 a circular livremente está estimado em mais de 30 milhões de horas de trabalho devido a baixas e isolamentos, o que terá um impacto relevante no Produto Interno Bruto em Portugal", avança a avaliação de risco do IST.

Segundo o documento, a estimativa "nunca inferior a 30 milhões de horas perdidas" tem em conta a prevalência oficial das infeções e a sua incidência na população ativa, deduzindo a taxa de desemprego.

De acordo com os especialistas do IST, esta previsão parte ainda do pressuposto que o pico da atual sexta vaga de casos será atingido na primeira semana de junho, caso não se "verifiquem fatores que acelerem a transmissão" do SARS-CoV-2.

O relatório com dados atualizados a domingo adianta também que esse pico de casos positivos para o SARS-CoV-2 "se dará, mais uma vez, por saturação de contágios e redução de suscetíveis" a infeção.

"A possibilidade de uma sexta vaga [avançada no último relatório de 09 de maio] confirmou-se de forma clara", refere ainda o documento do IST, ao avançar que a análise dos dados oficiais da pandemia em Portugal "indica um crescimento dos números da incidência, dos internamentos e da mortalidade, mas com uma aceleração menos intensa do que na semana anterior".

O relatório alerta ainda que a monitorização dos números da pandemia deve ser feita de "forma rigorosa e transparente até a declaração de 'fim de pandemia' pela Organização Mundial da Saúde" e que, nesta fase de crescimento, "será recomendável que sejam publicados os números dos internamentos e os dados regionais".

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