Covid-19. Contágio sobe, mas casos graves e mortes são menos do que há um ano

Maiores níveis de infeção, com a Ómicron a dominar. As situações graves e os óbitos estão em níveis muito inferiores dos de há um ano. Reforçadas as equipas de rastreio.
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Nesta segunda-feira assinalou-se um ano da vacinação contra a covid-19 em Portugal, mas também o seu reinício após a paragem da quadra natalícia. Voltou a administrar-se a vacina contra o novo coronavírus e a gripe (neste caso para os mais velhos), num momento em que a variante Ómicron progride a passos largos não só em Portugal como em todo o mundo.

Também neste dia, o país registou mais 6334 infeções num dia habitualmente de números baixos devido ao fim de semana, mas apesar disso revelando mais do dobro de infeções do que há uma semana. Também subiu o índice de positividade dos testes, agora é 4,6 % dos diagnósticos. E a taxa de infetados aumentou para 804, 3 por 100 mil habitantes.

Ao nível da propagação do SARS-CoV-2 há muitos dias que se atingiram no país os indicadores de infeções considerados linha vermelha. Mas esta semana começa com um número alto, ao contrário do que é habitual. Somam-se mais 6334 novos casos, quase o dobro de domingo (3732). O número de contágios por infetado a nível nacional também subiu. Nesta segunda-feira era de 1,25 quando, na sexta, era de 1,11. Valores também relacionados com a quantidade de testes realizados nesta quadra. Atingiram-se recordes de testagem a 23 e 24 de dezembro, com mais de 620 mil diagnósticos realizados, o que se repercutiu nos resultados positivos. O número de novos casos foi de 10 016 no sábado e de 12 943 no domingo. O que também tem vindo a aumentar é a taxa de positividade dos testes, atualmente é de 4,6 %. Na última semana, a proporção de testes positivos foi de 3,4% (no período anterior foi de 3,1%).

Desde o início da pandemia, foram já realizados em Portugal 16,1 milhões testes PCR e 8,4 milhões de antigénio de uso profissional.

Prevê-se um novo pico de testagem para o fim do ano, uma vez que é exigido um teste negativo para viajar e para a entrada em espetáculos culturais, desportivos e outros eventos, também em restaurantes e em casinos.

A ANA Aeroportos de Portugal anunciou o reforço das equipas de testagem, uma vez que muitos passageiros passaram horas na fila para a realização do teste obrigatório antes de viajarem e nem todos o conseguiram. E serão mais rígidos nas pessoas a testar, sendo que só quem tem bilhete de avião entre 30 de dezembro e 2 de janeiro o poderá fazer nas suas instalações.

Refira-se que os testes têm uma validade diferente de acordo com a sua tipologia. Os PCR podem ser apresentados num período de 72 horas (três dias) após a sua realização, enquanto um antigénio tem 48 horas de validade.

E é na testagem que o governo quer apostar, tendo pedido o apoio de mais elementos das Forças Armadas para reforçar as equipas no terreno. O objetivo é conter a propagação do novo coronavírus depois dos encontros familiares do Natal. De tal forma que a preocupação com estas reuniões levou ao entupimento das linhas de apoio do SNS24 nos últimos dias, o que fez que muitos utentes se dirigissem diretamente às urgências hospitalares para a realização de um teste. O governo prometeu reforçar os profissionais destes call centers, que contam com 5 mil funcionários.

E, nos próximos dias iniciam funções no Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais quatro equipas das Forças Armadas, cada uma delas constituída por 15 militares, segundo a SIC. Vão reforçar os operacionais das administrações regionais de saúde ((ARS) do Norte e Lisboa e Vale do Tejo no rastreio de contactos com casos positivos de covid-19 e na realização de inquéritos epidemiológicos.

Há mais de um ano (novembro de 2020) que as Forças Armadas apoiam o SNS no rastreio e nos inquéritos epidemiológicos. E desde março que ajudam no processo de vacinação. São ao todo 270 militares distribuídos por 18 equipas.

Um ano depois da administração da primeira vacina contra a covid-19 (ver fotolegenda), os números dos novos casos são muito superiores, mas a proporção de internamentos, situações graves e mortes é bem inferior. Nas últimas 24 horas, estavam internados 914 doentes, mais 36 do que no domingo. Destes, 150 eram seguidos em unidades de cuidados intensivos (UCI), menos uma pessoa do que no domingo. Há a lamentar mais 16 mortes.

A 27 de dezembro de 2020, havia em Portugal 1577 novos casos, quatro vezes menos do que na atualidade. Mas estavam 2870 pessoas internadas, das quais 504 em UCI, quase o dobro do número de camas consideradas críticas (255). E mais 83 óbitos. Valores que, para os especialistas, são reveladores do êxito da vacina.

Portugal tem 87% da população com o processo de vacinação primária completo. E um quarto dos residentes levaram o reforço, sendo que 87% têm 80 ou mais anos, o grupo prioritário nesta nova fase. Desce para 85% na faixa entre os 70 e os 79 anos e 52% dos 60 aos 69 anos, idades que já podem ser vacinadas em regime de "casa aberta". E abriu o agendamento para outros grupos: os de 55 ou mais anos ou os de 40 ou mais e que foram vacinados com a vacina da Janssen (apenas uma dose) Também se pode fazer a marcação para as crianças entre os 8 e os 11 anos, mas exclusivamente para os dias 6 a 9 de janeiro.

A vacinação para os mais novos arrancou no fim de semana de 18 e 19 de dezembro e foram vacinadas 96 mil crianças nos dois dias. Estavam agendadas 77 mil entre os 9 e os 11 anos para receberem a primeira dose e acabaram por aparecer nos centros de vacinação mais 19 mil. O que revela o elevado grau de adesão das famílias.

O mesmo já não se pode dizer dos residentes na Madeira. Vacinaram-se 1190 crianças desde o dia 14 de dezembro, 8% das 14 715 deste grupo etário no arquipélago. E destas só 321 pertencentes aos grupos de risco, apenas 27%. Números muito criticados pelo secretário regional da Saúde, Pedro Ramos. "Não queiramos ser responsáveis por situações menos felizes nas nossas crianças, aqui na região. Temos de seguir as recomendações internacionais e também nacionais", lamentou. Na conferência de imprensa semanal sobre o ponto de situação epidemiológico na Madeira, Pedro Ramos sublinhou que "é inaceitável" a baixa adesão à vacina se não houver "qualquer outro motivo para que a vacinação não possa ocorrer".

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