Costa Silva insiste na alta velocidade entre Lisboa-Porto

Consultor contratado pelo Governo fala de um "consenso alargado" sobre este projeto e a eletrificação da ferrovia. Retoma ainda vai demorar.
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A proposta já estava na primeira versão da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, da autoria de António Costa Silva, e agora é reafirmada no documento final que já conta com os contributos de cidadãos, empresas e instituições.

No documento apresentado nesta terça-feira (15 de setembro), o gestor defende a "implementação da alta velocidade entre Lisboa e Porto e a aposta na melhoria das ligações ferroviárias nas duas áreas metropolitanas", admitindo que existe "um consenso muito alargado sobre a necessidade de o país fazer as infraestruturas de que necessita, nomeadamente a rede elétrica ferroviária nacional e a aposta na linha de alta velocidade Lisboa-Porto", tendo em conta os contributos recebidos ao longo de um mês.

Costa Silva propõe agora que o projeto seja feito de uma só vez, e não por fases como na primeira versão do documento, faltando ainda um estudo de custo-benefício.

Outra proposta controversa - a conversão para bitola europeia - parece ter ficado definitivamente enterrada depois da análise e discussão que o professor universitário manteve com especialistas ao longo dos últimos meses. "Fazer a troca de bitola implica um investimento que, pela sua dimensão, é difícil de quantificar e poderá tornar redundante o atual material circulante", lê-se na versão atualizada do documento. Na apresentação, Costa Silva falou de um "investimento colossal".

Contas sobre este investimento ainda não há, e o primeiro-ministro, que fechou a sessão de balanço da consulta pública, defendeu um "consenso muito alargado do ponto de vista social e político", alertando para o risco de se perder tempo e dinheiro. Um dos grandes riscos é perder-se a continuidade desta visão, e se para cada projeto consumirmos os 50 anos que já consumimos a debater o novo aeroporto de Lisboa, seguramente não utilizaremos um único destes cêntimos", alertou António Costa, referindo-se aos mais de 58 mil milhões de euros que estarão disponíveis até 2030 entre fundos nacionais e comunitários que deverão começar a chegar no início de 2021.

O Governo discute o documento com os partidos nos dias 21 e 22 de setembro. A primeira versão do plano deverá surgir no dia 14 de outubro, seguindo para Bruxelas no dia seguinte. Foram incluídos seis novos pontos: petroquímica, eficiência energética, mineração no mar, comércio e serviços, turismo e centrais de biomassa.

António Costa Silva salientou nesta terça-feira (15 de setembro) que a recuperação da economia portuguesa ainda vai afundar mais antes de começar a trajetória da recuperação. "A recuperação vai ser lenta", começou por indicar o consultor contratado pelo Governo para traçar as linhas de atuação para a próxima década, antecipando "uma fase de decrescimento antes do crescimento". Na apresentação da versão final da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, Costa Silva defendeu que o país precisa de "usar todos os trunfos" à disposição do país para ultrapassar a crise pandémica causada pela covid-19.

"Quando há uma pandemia como esta, não é o mercado que nos vai salvar: é o Estado, são os serviços públicos, é o Serviço Nacional de Saúde", frisou o gestor. "Eu espero que haja a humildade para assumir esta derrota histórica que a realidade impôs a ideias ultraliberais", afirmou o presidente da Partex. "É um debate que vamos travar, mas estou convencido de que a esmagadora maioria do povo português percebe a importância dos serviços públicos a qualidades desses serviços, não só no Serviço Nacional de Saúde mas toda a galáxia de serviços públicos que servem os cidadãos, nomeadamente a modernização da administração pública", anteviu.

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