Já atingiu a maioridade, mas ainda se presta à diversão dos mais novos. Por isso, é com uma antestreia do programa infantil Monstrinha que se vão dar hoje, no Cinema São Jorge, os primeiros passos na edição 18 da Monstra: Cai na Real, Corgi, do belga Ben Stassen, conta a grande aventura citadina do cão (de raça corgi) favorito da rainha Isabel II, que ao fugir do Palácio se vai perder em Londres e terá de contar com a ajuda de um patudo rafeiro para regressar aos afetos da sua monarca... e ao conforto do lar..Esta sessão especial é um lançamento que antecede a cerimónia de abertura propriamente dita da Monstra, a ter lugar amanhã (21.30). Aí será exibido, em estreia absoluta, Tio Tomás - A Contabilidade dos Dias, o novo filme de curta-metragem da realizadora Regina Pessoa (História Trágica com Final Feliz), um trabalho de cariz autobiográfico que justifica a sua presença para o apresentar, ao lado do produtor Abi Feijó. Os dois portugueses são também protagonistas de uma das exposições no âmbito do Festival - Traços de Luz -, a ser inaugurada no mesmo dia na Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde estarão patentes os 25 anos do seu trabalho conjunto no cinema de animação..Para além das curtas e curtíssimas (filmes que não excedem os dois minutos), portuguesas e internacionais, encontramos sete filmes na competição de longas-metragens. Entre eles o deslumbrante Mirai, assinado pelo japonês Mamoru Hosoda, que esteve nomeado para o Óscar; Tito e os Pássaros, uma fábula brasileira à volta de uma epidemia contraída pelo medo, de Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg (com estreia nacional a 4 de abril); e duas narrativas sobre o valor da família em tempos difíceis: Funan, de Denis Do, com o pano de fundo dos Khmers Vermelhos, e A Torre, de Mats Grorud, centrado numa jovem que vive num campo de refugiados na Palestina..Este ano, o país a que o Festival presta homenagem é o Canadá. Num programa composto por 15 sessões, há retrospetivas dedicadas às obras de Norman Mclaren, Caroline Leaf, Frédéric Back, e ainda ao National Film Board of Canada, a produtora de cinema independente que assinala 80 anos de existência. Por sua vez, a animação japonesa mantém igualmente a sua representação nas homenagens, desta vez feita a Satoshi Kon (1963-2010), realizador que transitou da manga para esse universo com títulos prestigiados como Millenium Actress e Padrinhos de Tóquio..Por falar em manga, também as memórias da banda desenhada marcam presença nesta edição da Monstra, através do marinheiro Corto Maltese, famosa personagem criada por Hugo Pratt cujas histórias se podem aqui reencontrar em cinco longas-metragens, e do Tintin, de Hergé, que volta ao grande ecrã numa aventura em terras peruanas, que está a celebrar 50 anos: Tintin e o Templo do Sol. Para melhor servir este gosto pelos clássicos, há ainda uma recheada secção intitulada Históricos, música, documentários, animação de terror e, claro, filmes para maiores de 18, na Monstra Triple X..Entre estas escolhas para miúdos e graúdos, ninguém resiste mesmo é ao Rato Mickey, que, por ocasião do seu 90.º aniversário, é o foco do penúltimo dia do festival, com uma mostra de várias curtas-metragens da célebre mascote da Disney, a decorrer na Cinemateca Júnior. Eis o melhor programa para as famílias..Cinco sugestões para ver na Monstra.Exposição A Magia dos Estúdios Aardman (no Museu da Marioneta, até 21 de abril).Wallace e Gromit, A Ovelha Choné, A Fuga das Galinhas ou o mais recente A Idade da Pedra. Todos eles são grandes exemplos do esmerado trabalho dos estúdios Aardman, que a partir da técnica stop-motion produzem o melhor da animação britânica, com um charme europeu mundialmente apreciado. Este ano a Monstra trouxe até Lisboa, pela primeira vez, a riqueza e detalhe desse valioso artesanato exibido em 47 marionetas de plasticina/argila, oito cenários, storyboards e esquissos dos filmes e séries que são o seu selo de qualidade. Peter Lord, cofundador e diretor criativo dos estúdios, marcará presença no dia 30, na sessão de encerramento do Festival, para antecipar o próximo título da Aardman: A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca (a estreia em Portugal está marcada para 12 de dezembro).. Mirai, de Mamoru Hosoda (dia 26, 22.00, Cinema São Jorge).O belíssimo filme de Hosoda começa por endereçar-nos para algo muito comum na infância: as birras. Ao receber em casa a irmã recém-nascida, o pequeno Kun ressente-se com esta nova presença que lhe rouba as atenções dos pais e não consegue evitar um sentimento "feio" em relação a ela. Porém, logo na primeira birra causada pela estranheza da irmã, o menino vai experienciar uma passagem súbita para um universo paralelo. Com um passe de mágica, sempre que se sente assim, é levado em viagens no tempo (ora passado ora futuro), aprendendo a superar o ciúme e os seus próprios medos - e em algumas dessas viagens conhece a sua irmã do futuro... Um maravilhoso conto oriental, que nasce de uma sensível e prodigiosa imaginação. Estreia entre nós já no próximo dia 28.. Dilili em Paris, de Michel Ocelot (dia 29, 20.00, Cinema São Jorge).O veterano francês Michel Ocelot, realizador do premiado Kirikou e a Feiticeira, vem à Monstra apresentar o seu mais recente filme (em competição). Esta é a história da menina Kanak Dilili que, na Paris da Belle Époque, se converte em detetive na investigação dos misteriosos sequestros de outras meninas, que acontecem na cidade. Para isso tem a ajuda de um amigo estafeta, e não só. Um conjunto de outras personagens referenciais da época encaminham a pesquisa: o cientista Louis Pasteur, os pintores Pierre-Auguste Renoir e Toulouse-Lautrec, o engenheiro Gustave Eiffel... Estamos perante uma recriação histórica fidedigna, com uma genuína elegância francesa.. Sonho de Uma Noite de Verão, de Jiří Trnka (dia 25, 18.30, Cinemateca).Nesta animação de marionetas do mestre checo Jiří Trnka (1912-1969), a comédia clássica de William Shakespeare ganha uma vida esplendorosa no grande ecrã. Aqui se conjugam nobres atenienses, artesãos do povo, um grupo de teatro amador e criaturas fantásticas à solta num bosque escuro. Tudo na expressão poética de figurinhas minuciosamente buriladas, e envolvidas pela grande delicadeza artística de um dos mais importantes nomes da história da animação mundial - por essa razão encontramos este grande título de 1959 na secção Históricos. Uma rara oportunidade para o (re)descobrir.. Perfect Blue, de Satoshi Kon (dia 21, 22.00, Cinema Ideal).Este anime de culto de 1997 - a primeira das quatro longas-metragens de Satoshi Kon em retrospetiva na Monstra - é uma sugestão especialmente dirigida aos adultos. Trata-se de uma animação de terror psicológico centrada numa ex-cantora pop que deseja ser atriz, mas que nesse processo de mudança inicia uma crise de identidade, com a perseguição de um fã obcecado... Neste belo e perturbador filme, Satoshi Kon reflete, entre outras coisas, sobre a indústria, a celebridade e a era digital, através de uma pujante linguagem cinematográfica paredes-meias com a sofisticação visual própria do universo anime.
Já atingiu a maioridade, mas ainda se presta à diversão dos mais novos. Por isso, é com uma antestreia do programa infantil Monstrinha que se vão dar hoje, no Cinema São Jorge, os primeiros passos na edição 18 da Monstra: Cai na Real, Corgi, do belga Ben Stassen, conta a grande aventura citadina do cão (de raça corgi) favorito da rainha Isabel II, que ao fugir do Palácio se vai perder em Londres e terá de contar com a ajuda de um patudo rafeiro para regressar aos afetos da sua monarca... e ao conforto do lar..Esta sessão especial é um lançamento que antecede a cerimónia de abertura propriamente dita da Monstra, a ter lugar amanhã (21.30). Aí será exibido, em estreia absoluta, Tio Tomás - A Contabilidade dos Dias, o novo filme de curta-metragem da realizadora Regina Pessoa (História Trágica com Final Feliz), um trabalho de cariz autobiográfico que justifica a sua presença para o apresentar, ao lado do produtor Abi Feijó. Os dois portugueses são também protagonistas de uma das exposições no âmbito do Festival - Traços de Luz -, a ser inaugurada no mesmo dia na Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde estarão patentes os 25 anos do seu trabalho conjunto no cinema de animação..Para além das curtas e curtíssimas (filmes que não excedem os dois minutos), portuguesas e internacionais, encontramos sete filmes na competição de longas-metragens. Entre eles o deslumbrante Mirai, assinado pelo japonês Mamoru Hosoda, que esteve nomeado para o Óscar; Tito e os Pássaros, uma fábula brasileira à volta de uma epidemia contraída pelo medo, de Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg (com estreia nacional a 4 de abril); e duas narrativas sobre o valor da família em tempos difíceis: Funan, de Denis Do, com o pano de fundo dos Khmers Vermelhos, e A Torre, de Mats Grorud, centrado numa jovem que vive num campo de refugiados na Palestina..Este ano, o país a que o Festival presta homenagem é o Canadá. Num programa composto por 15 sessões, há retrospetivas dedicadas às obras de Norman Mclaren, Caroline Leaf, Frédéric Back, e ainda ao National Film Board of Canada, a produtora de cinema independente que assinala 80 anos de existência. Por sua vez, a animação japonesa mantém igualmente a sua representação nas homenagens, desta vez feita a Satoshi Kon (1963-2010), realizador que transitou da manga para esse universo com títulos prestigiados como Millenium Actress e Padrinhos de Tóquio..Por falar em manga, também as memórias da banda desenhada marcam presença nesta edição da Monstra, através do marinheiro Corto Maltese, famosa personagem criada por Hugo Pratt cujas histórias se podem aqui reencontrar em cinco longas-metragens, e do Tintin, de Hergé, que volta ao grande ecrã numa aventura em terras peruanas, que está a celebrar 50 anos: Tintin e o Templo do Sol. Para melhor servir este gosto pelos clássicos, há ainda uma recheada secção intitulada Históricos, música, documentários, animação de terror e, claro, filmes para maiores de 18, na Monstra Triple X..Entre estas escolhas para miúdos e graúdos, ninguém resiste mesmo é ao Rato Mickey, que, por ocasião do seu 90.º aniversário, é o foco do penúltimo dia do festival, com uma mostra de várias curtas-metragens da célebre mascote da Disney, a decorrer na Cinemateca Júnior. Eis o melhor programa para as famílias..Cinco sugestões para ver na Monstra.Exposição A Magia dos Estúdios Aardman (no Museu da Marioneta, até 21 de abril).Wallace e Gromit, A Ovelha Choné, A Fuga das Galinhas ou o mais recente A Idade da Pedra. Todos eles são grandes exemplos do esmerado trabalho dos estúdios Aardman, que a partir da técnica stop-motion produzem o melhor da animação britânica, com um charme europeu mundialmente apreciado. Este ano a Monstra trouxe até Lisboa, pela primeira vez, a riqueza e detalhe desse valioso artesanato exibido em 47 marionetas de plasticina/argila, oito cenários, storyboards e esquissos dos filmes e séries que são o seu selo de qualidade. Peter Lord, cofundador e diretor criativo dos estúdios, marcará presença no dia 30, na sessão de encerramento do Festival, para antecipar o próximo título da Aardman: A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca (a estreia em Portugal está marcada para 12 de dezembro).. Mirai, de Mamoru Hosoda (dia 26, 22.00, Cinema São Jorge).O belíssimo filme de Hosoda começa por endereçar-nos para algo muito comum na infância: as birras. Ao receber em casa a irmã recém-nascida, o pequeno Kun ressente-se com esta nova presença que lhe rouba as atenções dos pais e não consegue evitar um sentimento "feio" em relação a ela. Porém, logo na primeira birra causada pela estranheza da irmã, o menino vai experienciar uma passagem súbita para um universo paralelo. Com um passe de mágica, sempre que se sente assim, é levado em viagens no tempo (ora passado ora futuro), aprendendo a superar o ciúme e os seus próprios medos - e em algumas dessas viagens conhece a sua irmã do futuro... Um maravilhoso conto oriental, que nasce de uma sensível e prodigiosa imaginação. Estreia entre nós já no próximo dia 28.. Dilili em Paris, de Michel Ocelot (dia 29, 20.00, Cinema São Jorge).O veterano francês Michel Ocelot, realizador do premiado Kirikou e a Feiticeira, vem à Monstra apresentar o seu mais recente filme (em competição). Esta é a história da menina Kanak Dilili que, na Paris da Belle Époque, se converte em detetive na investigação dos misteriosos sequestros de outras meninas, que acontecem na cidade. Para isso tem a ajuda de um amigo estafeta, e não só. Um conjunto de outras personagens referenciais da época encaminham a pesquisa: o cientista Louis Pasteur, os pintores Pierre-Auguste Renoir e Toulouse-Lautrec, o engenheiro Gustave Eiffel... Estamos perante uma recriação histórica fidedigna, com uma genuína elegância francesa.. Sonho de Uma Noite de Verão, de Jiří Trnka (dia 25, 18.30, Cinemateca).Nesta animação de marionetas do mestre checo Jiří Trnka (1912-1969), a comédia clássica de William Shakespeare ganha uma vida esplendorosa no grande ecrã. Aqui se conjugam nobres atenienses, artesãos do povo, um grupo de teatro amador e criaturas fantásticas à solta num bosque escuro. Tudo na expressão poética de figurinhas minuciosamente buriladas, e envolvidas pela grande delicadeza artística de um dos mais importantes nomes da história da animação mundial - por essa razão encontramos este grande título de 1959 na secção Históricos. Uma rara oportunidade para o (re)descobrir.. Perfect Blue, de Satoshi Kon (dia 21, 22.00, Cinema Ideal).Este anime de culto de 1997 - a primeira das quatro longas-metragens de Satoshi Kon em retrospetiva na Monstra - é uma sugestão especialmente dirigida aos adultos. Trata-se de uma animação de terror psicológico centrada numa ex-cantora pop que deseja ser atriz, mas que nesse processo de mudança inicia uma crise de identidade, com a perseguição de um fã obcecado... Neste belo e perturbador filme, Satoshi Kon reflete, entre outras coisas, sobre a indústria, a celebridade e a era digital, através de uma pujante linguagem cinematográfica paredes-meias com a sofisticação visual própria do universo anime.