Corpo de Tabucchi a partir de 4.ª no Palácio Galveias

O corpo do escritor italiano Antonio Tabucchi estará em câmara ardente na quarta-feira no Palácio Galveias, e o funeral realiza-se na quinta-feira no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, disse à Lusa fonte próxima da família.
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Antonio Tabucchi, que tinha também nacionalidade portuguesa, morreu no domingo em Lisboa aos 68 anos.

O corpo do escritor estará a partir das 18:00 de quarta-feira no Palácio Galveias. O funeral realiza-se no dia seguinte às 17:00 para o Cemitério dos Prazeres e ficará sepultado no talhão dos artistas.

Antonio Tabucchi será recordado na segunda-feira, 02 de abril, pela Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, onde será feita a leitura integral de "Requiem", a única obra que o autor escreveu em português.

Na sexta-feira, no cinema Nimas, em Lisboa, será exibido o filme "Requiem", a partir daquela obra, com realização de Alain Tanner.

A editora Dom Quixote, que integra o grupo Leya, estava a preparar a edição de uma obra de Tabucchi, intitulada "O tempo envelhece depressa", aprazada para abril.

"A LeYa reitera o compromisso assumido com o escritor em dar nova vida à sua obra, cuja importância e qualidade o público e a crítica conhecem", refere a editora em comunicado.

Antonio Tabucchi, que nasceu em Vecchiano (Pisa) em 1943, estava há várias décadas ligado a Portugal, por via de uma admiração profunda pela obra de Fernando Pessoa, que divulgou e traduziu para italiano.

A nacionalidade portuguesa foi-lhe concedida em 2004, uma mera formalidade para quem, como admitiu em várias entrevistas, sonhava frequentemente em português.

Tinha como profissão "professor universitário" em Portugal e Itália e deixou sobretudo uma voz própria na literatura, comprometida com um grande sentido cívico.

"Afirma Pereira" e "A cabeça perdida de Damasceno Monteiro", duas das que têm Portugal como cenário da ficção, "Nocturno Indiano", "Os últimos três dias de Fernando Pessoa" e "Requiem" são algumas das obras publicadas.

Tabucchi foi ainda candidato ao Prémio Príncipe das Astúrias e estava sempre na lista de candidatos ao Nobel da Literatura.

Do seu círculo de amigos faziam parte Alexandre O'Neill, José Cardoso Pires, Fernando Lopes, que lhe filmou a adaptação de "O fio do horizonte", uma das várias obras que originaram longas-metragens.

Teve um olhar distante e próximo da realidade política portuguesa. Apoiou Mário Soares, que o condecorou em 1989 com a Ordem do Infante D. Henrique, foi candidato do Bloco de Esquerda nas eleições europeias e esteve sempre na dianteira na defesa da liberdade de expressão, do direito à palavra.

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