Coronavírus, o "souvenir" indesejado que muitos levaram da Ibiza dos Alpes

Estância de esqui austríaca de Ischgl foi o ponto de partida para centenas de infeções no norte da Europa.
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Ischgl, uma estância de esqui no Tirol com 1600 habitantes permanentes, foi oficialmente apontada como o ponto de partida para centenas de infeções de coronavírus na própria Áustria, na Alemanha, na Islândia, na Dinamarca e na Noruega. O covid-19 terá sido o souvenir indesejado que muitos levaram da popular Ibiza dos Alpes, como é conhecida pela sua vida noturna, não se sabendo ainda como é que o vírus lá chegou.

A Áustria, onde há já 4876 infetados e 28 mortos, está a investigar a possibilidade de um bar na popular estância (o Kitzloch) não ter denunciado um caso entre os seus funcionários ainda em fevereiro. No início de março, vários turistas que tinham estado na zona começaram a testar positivo nos seus países.

A Islândia terá detetado o padrão logo cedo, mas apesar do aviso oficial do governo islandês a 4 de março para o facto de um grupo de turistas do país ter sido infetado durante a estadia em Ischgl, as autoridades austríacas permitiram que a estância continuasse a funcionar durante mais nove dias, decretando a quarentena apenas a 13 de março. O bar em causa fechou no dia 10. Todas as 279 comunidades do Tirol receberam ordens a 18 de março para se isolarem.

Segundo a CNN, que contactou as autoridades islandesas, há relato de pelo menos oito infetados no país que estiveram na Áustria. No total, há 588 casos confirmados na ilha e pelo menos uma morte -- segundo os media locais um turista austríaco também morreu com covid-19, mas os sintomas não eram os mesmos da doença e oficialmente ainda não foi confirmada a causa da morte.

Na Dinamarca, quase 300 casos são de pessoas que vieram infetadas da Áustria (de Itália, onde a situação é pior, só vieram 61 infetados), segundo os dados oficiais. Neste país já há 1591 infestados e 32 mortos.

Na Alemanha, segundo os media, há cerca de 300 registos de infeção oriunda de Ischgl, sendo que mais de 80 são na cidade de Hamburgo e 200 na cidade de Aalen. Um ministro regional terá dito: "O nosso problema não é o Irão, é Ischgl" (na altura, o Irão era o segundo país, depois da China, com mais casos).

Na Noruega, depois de começar a testar os turistas que voltavam do Tirol, as autoridades já tinham detetado a 20 de março que dos quase dois mil infetados, 549 tinham sido contagiados na Áustria, muitos deles no Tirol.

Do beer pong ao apito

"Primeiro, não percebemos como é que podia haver tantos casos", disse à estação de televisão norte-americana Jan Pravsgaard Christensen, professor de imunologia de doenças infeccionas, na Universidade de Copenhaga, que tem trabalhado também com as autoridades islandesas. Mas tudo mudou quando souberam o que acontecia nos bares de Ischgl: o jogo beer pong, no qual uma bola de pingue-pongue é lançada com a boca para canecas de cerveja. A bola é depois reutilizada por outras pessoas. "Percebemos que estavam a trocar saliva."

Além disso, os empregados do bar têm o hábito de usar um apito de metal para afastar os clientes quando passam com shots, sendo que os clientes também costumam soprar por ele por diversão (ainda segundo a CNN).

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