Coreia do Norte ameaça Coreia do Sul por causa de balões
"Ao menor movimento ligado [a este projeto] de lançamento (...), as unidades da Frente Ocidental lançarão sem aviso prévio um ataque militar implacável", avisou num comunicado o Exército Popular da Coreia, do Norte, que conta com mais de um milhão de homens.
A Coreia do Sul respondeu imediatamente que irá ripostar a qualquer ataque da Coreia do Norte. "Se isso acontecer vamos retaliar, atingindo a origem do fogo", disse o ministro da Defesa sul-coreano , Kim Kwan-jin, citado pela agência de notícias Yonhap e pela francesa AFP.
Desertores norte-coreanos anunciaram a sua intenção de enviar folhetos pendurados em balões na próxima segunda-feira, às 11h30, para o outro lado da fronteira, perto da cidade de Paju, a cerca de 60 Km para norte de Seul.
O Exército norte-coreano, citado pela agência de notícias oficial KCNA, aconselhou os residentes locais da região a "retirarem-se, em antecipação de qualquer dano". "A área será alvo de fogo direto do Exército Popular da Coreia", disse o comunicado.
Os ativistas anti-Pyongyang enviam regularmente para o Norte folhetos de propaganda política denunciando o regime autoritário e apelando aos norte-coreanos se revoltem.
O Norte, que impõe uma censura total no seu território, ameaçou várias vezes o Sul de modo a impedir o envio de propagandas deste tipo, mas as ameaças de Pyongyang nunca se chegaram a concretizar. No entanto, desta vez há dados precisos, como a hora e local, o que torna a ameaça mais agressiva. "O Exército Popular da Coreia cumpre sempre as suas promessas", alertou a Coreia do Norte.
As tensões entre as duas Coreias vêm já desde a guerra (1950-53), mas pioraram após o naufrágio de uma corveta sul-coreana que resultou na morte de 46 marinheiros, em março de 2012, e o bombardeamento da ilha sul-coreana de Yeonpyong a 23 de novembro no mesmo ano.
Quinta-feira, o presidente sul-coreano Lee Myung-Bank realizou uma visita surpresa à ilha . "Se a Coreia do Norte nos provoca, devemos responder com força. Devemos defender [a fronteira marítima] até ao fim", disse.
Seoul, por seu lado, anunciou também novas manobras militares para a próxima semana, que envolvem cerca de 240 mil soldados sul-coreanos, assim como soldados norte-americanos.
Centenas de pessoas fogem todos os anos da Coreia do Norte, por motivos de fome ou da repressão a que são sujeitos pelo regime, agora liderado por Kim Jong-un. Oficialmente, cerca de 22 mil norte-coreanos desertaram para o Sul, desde 1953, obtendo automaticamente a nacionalidade sul-coreana.