Conversas na Praça: segredos de Lisboa e debate sobre o Natal
Este sábado, dia 8 de dezembro, o primeiro fim de semana das Histórias de Natal DN/Kia, foi o historiador Anísio Franco quem surpreendeu a plateia com as histórias de uma Lisboa Desconhecida e Insólita, que é também a última obra do também escritor. No palco onde o Diário de Notícias instala a sua redação ao vivo, nestes fins de semana de Natal, o entrevistado recordou que naquele largo, precisamente, se ergueu "a mais magnífica igreja que existiu em Lisboa - a Patriarcal", que foi destruída com o Terramoto de 1755.
E tudo mudou. Do monumento restam apenas desenhos e algumas peças de prata. A história surpreendeu Tiago Alves, de 11 anos, que, na plateia, seguia atentamente as palavras do historiador. Anísio Franco recordou que foi com essa mesma idade que começou a calcorrear a cidade de Lisboa e a encontrar-lhe os segredos. Nunca mais deixou de descobri-los e agora conta-os. Esta entrevista completa poderá ser vista no Diário de Notíciasonline por estes dias, assim como todas as que serão feitas ao vivo na praça.
Curiosidades como a veia premonitória de Rafael Bordalo Pinheiro, que vaticinou para a Praça do Município um quiosque como o que agora existe, mas que em 1880 serviria para vender leques. Porquê? Para que as senhoras os pudessem comprar e assim esconder o rubor quando olhassem o frontão triangular do edifício dos Paços do Concelho - é ali que está a estátua de inspiração neoclássica de Anatole Calmels. Representa a Liberdade e o Amor Pátrio e foi "o primeiro nu exposto em praça pública". As mães aconselham as filhas a nunca olharem de frente para a fachada da Câmara Municipal de Lisboa, recordou Anísio Franco.
Houve risos na plateia. Como a seguir, quando o músico guineense Kimi Djabté confessou ao jornalista da Plataforma Media que só aprendeu a cobrar cachet pelos seus concertos quando chegou a Portugal, há duas décadas. "A minha vida foi sempre a música. Na Guiné-Bissau os meus concertos estão sempre cheios. Claro, nunca cobro entrada", confessou. Mas foi em Portugal que cresceu e continua num "processo ainda de integração, como deve ser para quem chega. Somos nós quem tem de aprender os costumes do país onde chegamos e não o contrário", disse.
A mesma humildade evocaram a deputada do CDS Ana Rita Bessa e o padre jesuíta José Maria Brito em relação à dicotomia Natal do Menino Jesus" e "Natal do Pai Natal", num debate moderado pelo jornalista do Diário de Notícias, Miguel Marujo. Ambos concordaram que os dois poderão coexistir com tranquilidade "desde que não se esqueça o aniversário que se celebra nesta época", disse a deputada. Ana Rita Bessa disse sentir simpatia pela figura do Pai Natal, ou de Santo Nicolau, como bem lembrou o jesuíta, remetendo ao santo que inspirou a lenda do velhote de longas barbas brancas.
Se é verdade que o consumismo desenfreado desta quadra não pode "servir para preencher vazios", reforçou José Maria Brito, também não poderá roubar a generosidade do gesto de oferecer, diz a deputada, que lamentou a falta de presépios na cidade.
Sinais da cultura atual, essa "ausência de símbolos religiosos", admitiu o jesuíta, para quem é mais penoso quando aqueles, quando expostos, são considerados "ofensivos". Natal do Pai Natal ou do Menino Jesus, afinal esta é uma "guerra" sem inimigos ou não fosse este um tempo de união.