Contraofensiva ucraniana aguarda reforços de peso
Há semanas que os ucranianos falam em contraofensiva, tendo como objetivo primeiro a libertação de Kherson, a principal cidade caída nas mãos dos russos. No entanto, no terreno, os avanços têm sido pequenos. A crer em Mikhayl Podolyak, conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, a maré vai mudar em breve, com a chegada da assistência militar prometida pelos Estados Unidos, de 3 mil milhões de euros em armamento e munições. "Isto significa que estaremos agora em posição de contra-atacar, de lançar uma contraofensiva. E podemos derrotar o inimigo com o novo equipamento e com o novo valor numérico que está ligado à nossa capacidade e às nossas aptidões", afirmou em entrevista ao The Hill.
Kiev anunciou um "agosto infernal"e, na realidade, começou a atingir alvos em território russo ou controlado pela Rússia, bem longe da linha da frente. O governo ucraniano afirmou que, desde finais de junho, atingiu pelo menos 154 paióis, 91 bases de armazenamento de armas, quatro quartéis, quatro depósitos de combustível e oito postos de comando.
Num ataque não admitido oficialmente, o aeródromo de Saky, na Crimeia, foi destruído, e com ele foi infligida a maior perda à força aérea russa desde a II Guerra, com pelo menos oito aviões de combate atingidos e dezenas de mortos. No entanto, a anunciada libertação de Kherson, vista como o primeiro e crucial capítulo para a recuperação do território do sul, aparenta um cenário longínquo.
Segundo o New York Times, o presidente ucraniano tem estado sob pressão para dar a ordem para a contraofensiva, tendo em conta que a entrada no outono pode dificultar a mobilidade das tropas, e que cada dia que passa sem o controlo da região costeira é um custo económico acrescido. Por outro lado, um ataque sem armamento nem homens suficientes pode resultar num fracasso. Para o ex-ministro da Defesa Andriy Zagorodnyuk, é hora de tomar a iniciativa. "Não faz sentido arrastar a guerra durante anos e competir para ver quem vai ficar sem recursos primeiro", escreveu no Ukrainska Pravda.
Estas considerações acontecem numa altura em que o inimigo diz estar "deliberadamente a diminuir o ritmo" da campanha militar para poupar vidas de civis, tal como disse o ministro da Defesa Sergei Shoigu. Para o serviço de informações da Defesa britânica, é "desinformação deliberada". Isto porque, diz, "a ofensiva da Rússia parou por causa do fraco desempenho militar russo e da feroz resistência ucraniana".
Enquanto a central nuclear de Zaporíjia voltou a ligar-se à rede elétrica, os europeus fazem contas à vida, tendo em conta os preços recorde da energia, o que levou a presidência checa do Conselho a convocar uma reunião de urgência sobre o tema.
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