Congresso decide se aceita demissão do presidente ou se o destitui
O escândalo de corrupção da empresa de construção brasileira Odebrecht continua a causar estragos. O mais recente caso, que envolve o presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski (conhecido como PPK), vai ser hoje debatido no Congresso daquele país da América do Sul. PPK pediu ontem a demissão, mas o seu destino fica nas mãos dos deputados. Estes podem recusar o pedido de resignação e votarem a sua destituição -- o efeito é o mesmo, mas sai com um voto de censura.
Caso seja destituído, Kuczynski conhece o mesmo destino de Alberto Fujimori, em 2000. O peruano de origem japonesa foi removido do cargo pelo congresso por "incapacidade ética permanente".
Na quarta-feira, Kuczynski, de 79 anos, disse numa mensagem à nação que a sua renúncia era o "melhor para o país", dada a "situação difícil". No entanto, PPK disse que rejeita "categoricamente" as acusações contra ele, "que nunca foram provadas".
Kuczynski é o primeiro presidente da América Latina a cair por causa do escândalo de corrupção em torno da Odebrecht, que já causou a queda do vice-presidente equatoriano, Jorge Glas, que se encontra preso, e atingiu diversos ministros e parlamentares brasileiros.
No final de dezembro, PPK escapara de um primeiro processo de destituição no congresso. Agora a oposição afirmara ter arregimentado os votos necessários para derrubá-lo.
Ex-banqueiro de Wall Street, Kuczynski é acusado de mentir sobre as suas ligações com a Odebrecht. Afirmou que nunca teve qualquer relação com a empresa, mas em dezembro, a gigante brasileira disse que havia pago cerca de 5 milhões de dólares a empresas de consultoria relacionadas com PPK, quando este era ministro.
Liderado por Keiko Fujimori, filha do ex-presidente destituído Alberto Fujimori, a Força Popular, principal partido da oposição, acusou o governo de ter comprado votos em para evitar a demissão do presidente. Entre os deputados envolvidos nesses vídeos está Kenji Fujimori, rival da irmã Keiko. Em consequência, Keiko poderá ver levantada a imunidade parlamentar.
Graças ao apoio de Kenji e de outros nove membros da Força Popular, Kuczynski evitou a demissão em dezembro.
Dois dias depois, Alberto Fujimori recebeu um indulto presidencial. O antigo presidente cumpria uma sentença de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção.
Em qualquer dos casos, renúncia ou destituição de PPK, até ao final do atual mandato, julho de 2021, o país deverá ficar nas mãos do primeiro vice-presidente, Martin Vizcarra, de 55 anos. Este engenheiro é o atual embaixador do Peru no Canadá. Em maio do ano passado pediu a demissão do governo, no qual desempenhava as funções de ministro dos Transportes.