Confrontos em Paris: Número de detidos sobe para 380
A polícia francesa já foi obrigada a usar da força e a recorrer a gás lacrimogéneo perante os manifestantes nas ruas de Paris, neste Dia do Trabalhador. A presença anunciada de mais de um milhar de elementos radicais vestidos de negro, denominados 'black blocs'', que se juntam a sindicalistas e aos membros dos "coletes amarelos", tem tornado as manifestações de 1.º de Maio em França em eventos de alto risco, com os radicais a prometerem "um dia de apocalipse" e as forças de segurança a responderem com vigilância apertada.
Ao final da tarde, em Paris, a Polícia tinha detido 380 manifestantes e colocado 210 sob custódia, tendo ainda feito cerca de 20 mil controlos preventivos, segundo as informações da Prefeitura de Paris.
A violência na capital francesa chegou ainda a um hospital, onde um grupo de manifestantes tentou durante a tarde promover "uma invasão violenta" no serviço de reanimação cirúrgica. Os responsáveis do hospital Pitié Salpêtrière já anunciaram que vão apresentar queixa contra os atacantes.
Cerca de 250 manifestações e comícios juntaram 310 mil pessoas no Dia do Trabalhador em França, segundo fontes sindicais, enquanto o governo contrapôs terem participado apenas metade desse número cerca das 14:00 locais (menos uma em Portugal).
Na zona de Montparnasse registaram-se já incidentes entre polícias e manifestantes, no arranque do cortejo do 1º. de Maio, organizado tradicionalmente pelas forças sindicais e este ano reforçado pelo movimento dos 'coletes amarelos', que vai percorrer esta tarde as ruas da capital francesa entre a estação de Montparnasse e a Place d'Italie, concentrando-se assim na margem esquerda do Sena.
Depois de afastado no início da manifestação do 1.º de Maio nas ruas de Paris, o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez, regressou ao cortejo com fortes críticas ao ministro do Interior e ao presidente da Câmara de Paris, além de acusar a polícia por ter "atacado a CGT".
Outra estrutura sindical, a confederação Força Operária (FO), publicou várias mensagens nas redes sociais a "condenar a violência de que alguns dos seus militares foram vítimas" durante a manifestação em Paris. "Esta situação não altera a determinação da FO em defesa de melhores salários, do serviço público, das reformas", lia-se num desses comunicados.
O Le Fígaro noticiou também que os black blocs atacaram uma esquadra da polícia no 13º bairro da capital francesa, onde se situa a Place d'italie.
Nesse mesmo bairro, o 13.º, foi também atacada uma escola. "Eles querem roubar-nos o dia 1.º de Maio. Não os deixem", escreveu nas redes sociais o edil do bairro, Jérôme Coumet.
A tensão nas ruas adjacentes à Place d'Italie tem vindo a crescer, com a polícia a usar canhões de água e gás lacrimogéneo que "têm gerado movimentos de pânico em que as pessoas fogem enquanto procuram ajudar-se mutuamente", informou um repórter do Fígaro.
O jornal Le Parisien, que partilhou o vídeo de uma mulher a ser detida pelas autoridades, indicou terem sido apreendidas armas brancas e materiais usados para a elaboração de 'cocktails molotov'.
Perante a ameaça de uma tarde tensa devido à afluência de 'black blocs' vindos de toda a Europa para perturbar este protesto, os controlos em Paris e nos seus arredores começaram na tarde de terça-feira.
Em Nantes, segundo o relato de um jornalista da Presse Oceán, os confrontos no centro da cidade já levaram ao lançamento de gás lacrimogéneo contra os manifestantes.
Em Toulouse também já houve recurso ao lançamento de gás lacrimogéneo contra os 'coletes amarelos' no centro da cidade, embora o seu número tenha diminuído com o passar das horas, indicou o Le Monde.
O Ministério do Interior anunciou que são esperados cerca de 115.000 manifestantes em toda a França, incluindo 25.000 a 35.000 em Paris. No sistema policial implantado em Paris há 190 motos da Brigada de Repressão à Ação Violenta (BRAV) e há 7.400 agentes da autoridade destacados para este protesto.
O Ministério do Interior prometeu "a maior vigilância" sobre a presença anunciada de "mil a dois mil ativistas radicais possivelmente reforçados com indivíduos do exterior que poderiam espalhar desordem e violência".
No entanto, entre os manifestantes que estão identificados com 'coletes amarelos' e os que pertencem aos sindicatos, vários indivíduos estão de cara tapada e vestidos de negro, indicando que a manifestação foi infiltrada pelos 'black blocs', podendo degenerar em confrontos violentos com a polícia.
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