Confirmada morte de mais um jihadista português na Síria

Sadjó Ture é a segunda morte entre a chamada "célula de Leyton", que está a ser investigada pelas autoridades portuguesas
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Há pelo menos cinco jihadistas investigados por Portugal e alvo de mandado de captura internacional e desses, dois já estão mortos. As forças da coligação que combatem o Estado Islâmico informaram as autoridades portuguesas da morte de um segundo jihadista da chamada "célula de Leyton", formada por jovens que saíram da zona de Sintra para Inglaterra, onde se radicalizaram. Trata-se de Sadjó Ture, segundo avança o Expresso, tinha 35 anos e viajara no ano passado para a Síria. De acordo com informação reunida pelo DN era muçulmano e de ascendência guineense.

No ano passado tinha também sido anunciada a morte de outro dos elementos deste núcleo, Sandro "Funa", de 28 anos.

Ao que o DN apurou, tal como no caso de Sandro, esta segunda morte resultou de bombardeamentos que as forças da coligação têm infligido nos territórios dominados pelo Estado Islâmico. O ataque aéreo fatal aconteceu há quatro meses, mas só recentemente as autoridades portuguesas foram informadas e obtiveram a confirmação.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, foram emitidos mandados de captura internacional contra todos os elementos deste grupo de Sintra. A investigação em Portugal está a ser coordenada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e executada pela Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária. Ambas as entidades estão em estreita colaboração e articulação com as secretas portuguesas e com os respetivos serviços congéneres dos países da coligação internacional, partilhando informação permanentemente sobre os jihadistas europeus que se juntaram às fileiras do exército do designado Estado Islâmico (Daesh).

Entre os elementos deste grupo, alvo de inquérito estão os irmãos Celso e Edgar Costa, que filmaram um vídeo, ontem divulgado, de propaganda extremista na véspera dos atentados de Paris. O regresso destes combatentes aos países de origem é uma das maiores preocupações atualmente para as autoridades europeias. No caso português, apesar dessa preocupação também subsistir, é sabido que a comunidade muçulmana no nosso país é moderada e que muito dificilmente atitudes mais radicais teriam espaço para crescer.

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Prova disso é o facto de os jihadistas de Sintra se converteram e radicalizaram em Inglaterra num bairro dos subúrbios londrinos chamado Leyton. Tanto os serviços de informações como a polícia monitorizam e acompanham estas comunidades de perto. De acordo com a investigação que tem sido publicada pelo Expresso, Sandro "Funa" foi o último da célula de Leyton a sair de Sintra para Londres, onde se juntou aos irmãos Costa, de quem tinha sido colega de escola, a Sadjó Turé e a Fábio Poças.

Neste ano, no relatório anual sobre a evolução do terrorismo, a Europol dava conta das mortes confirmadas de jihadistas europeus na frente de batalha, incluindo em atentados suicidas, referindo os portugueses como exemplo. Foi o caso de um lusodescendente residente em França, cuja família era originária de Tondela, que se fez explodir num carro contra instalações militares do exército iraquiano. Dezenas de pessoas, a maioria civis, morreram ou ficaram feridas. Foram também confirmadas pela Europol as mortes de Mikael Batista e José Parente.

Coordenação por aprovar

Em fevereiro passado, dez anos depois de a União Europeia a ter estabelecido, Portugal aprovou a Estratégia Nacional de Combate ao terrorismo (ENCT). O governo e o PS entenderam-se nas medidas desenhadas em cinco pilares: detetar (potenciais ameaças); prevenir (identificar causas de radicalização), proteger (reforço de segurança nos alvos prioritários); perseguir (neutralizar iniciativas terroristas; responder (resposta a atentados).

Ao que o DN apurou junto de fontes policiais que trabalham nesta área, não são conhecidos ainda os planos para desenvolver estas cinco medidas. Outra "falha" que está a causar estranheza é a nova orgânica da Unidade de Coordenação Anti--Terrorista (UCAT). De acordo com a ENCT, esta unidade, que serve para as polícias e as secretas trocarem informações, deveria ser reformulada de forma a proporcionar--lhe mais capacidade operacional e de coordenação efetiva, colocando-a sob direção do Sistema de Segurança Interna. O PS foi o partido que mais defendeu este reforço, que incluía ainda a presença nas reuniões de um procurador do Ministério Público, sendo apoiado pelo governo que alterou a lei nesse sentido. O problema é que a alteração à Lei de Segurança Interna que foi feita com esse fim remetia para diploma posterior a regulamentação. E essa ainda não foi aprovada nem publicada.

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