Condutores tiram filtros de partículas dos carros. Inspeção não deteta
Desde 2009, todos os carros a diesel têm obrigatoriamente um filtro de partículas que consegue reter até 80% das emissões poluentes do escape. Porém, muitos automobilistas recorrem à internet para obter instruções e remover o filtro, reduzindo assim os custos de manutenção e consumo dos veículos. Outros, recorrem a oficinas que asseguram a remoção da peça, apesar de ser ilegal.
A notícia é do Expresso: ainda que os filtros façam parte das características físicas dos automóveis, a remoção dos dispositivos não é facilmente detetada. Ao semanário, a Associação Nacional dos Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA) garante que não existe uma forma eficaz, "sem recorrer a desmontagem", de verificar a existência do filtro, sendo que a tecnologia à disposição permite apenas detetar a opacidade dos gases do escape. Caso estejam dentro dos parâmetros limite, nada é assinalado.
Segundo o Expresso, também a PSP admite que "não realiza ações de controlo de emissões de partículas" e o problema, não sendo visível a olho nu, permanece. As oficinais indicam que a remoção do filtro permite poupar cerca de 500 euros a cada dois anos; a operação para retirar o dispositivo pode custar entre 300 e 600 euros.
Já o Instituto da Mobilidade e dos Transporte garante não ter conhecimento deste tipo de prática e garante que qualquer infração seria detetada pelo opacímetro, utilizado nos centros de inspeção automóvel. Mas os peritos acusam as autoridades de "fechar os olhos": Pedro Antunes, da Iberequipe, empresa de controlo ambiental e diagnóstico automóvel, disse mesmo ao Expresso que os carros mais recentes estão a ser controlados "com tecnologia e valores obsoletos". E Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, assinala que as partículas emitidas - PM10 e PM2,5 - são nocivas para a saúde, elevando os riscos de doenças respiratórias, cardiovasculares e cancerígenas.
O secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), Neves da Silva, garante que as oficinais que retiram os filtros são casos isolados, mas admite que a associação pretende sensibilizar o sector para a ilegalidade da prática.