Condenação de Bo Xilai reforça campanha contra a corrupção
Antigo membro do Politburo do Partido Comunista e ex-1º secretário da organização em Chongqing, o maior município da China, Bo Xilai foi o mais alto líder chinês condenado por corrupção desde que o atual presidente, Xi Jinping, assumiu o cargo de secretário-geral, em novembro passado.
O tribunal de Jinan, leste da China, deu como provado que Bo Xilai aceitou subornos no valor de 20,44 milhões de yuan (2,46 milhões de euros), crime passível de pena de morte, e considerou-o também culpado de desvio de fundos e abuso do poder.
Em junho passado, o ex-ministro dos Caminhos de Ferro Liu Zhijun, grande impulsionador do programa de alta velocidade ferroviária, foi condenado à morte com pena suspensa por dois anos, uma sentença normalmente comutada em prisão perpétua.
Outros altos quadros do Partido Comunista, com categoria de ministro ou vice-ministro, entre os quais o presidente da Comissão que supervisiona o património de mais de uma centena de grandes empresas estatais, foram presos nos últimos meses por suspeita de corrupção.
A lista de dirigentes suspeitos de "graves violações da disciplina" que estão a ser investigados inclui um antigo vice-ministro da Comissão Estatal de Desenvolvimento e Reforma, Liu Tienan, e um ex-primeiro secretário provincial do PCC, Li Chuncheng.
O julgamento de Bo Xilai foi também considerado "o mais transparente" realizado no país, sendo saudado na imprensa oficial como "um grande passo em frente na promoção do primado da lei" e uma demonstração de que "ninguém está acima da lei".
Num gesto sem precedentes, o tribunal de Jinan recorreu ao Sina Weibo, o Twitter chinês, para relatar o que se passava na sala de audiências, incluindo algumas declarações do acusado.
Bo Xilai admitiu ter cometido "alguns erros", mas negou todas as acusações que lhe eram imputadas.
Numa carta à família difundida há três dias na imprensa de Hong Kong, Bo Xilai comparou o seu destino ao do pai, o antigo vice-primeiro-ministro Bo Yibo (1908-2007), que passou mais de uma década na prisão acusado de "contrarrevolucionário" e que seria depois reabilitado.
Bo Xilai não foi o primeiro membro do Politburo condenado por corrupção nas últimas duas décadas, mas, no seu caso, o veredito foi o mais severo.
Em 1998, Chen Xitong, líder da organização do PCC em Pequim, foi condenado a 16 anos de prisão, e uma década mais tarde, Chen Liangyu, 1º secretário do PCC em Xangai, foi condenado a 18 anos.
A corrupção, no entanto, não diminuiu. Numa sondagem realizada há sete meses, foi mesmo considerada o mais grave problema da China, juntamente com o agravamento das diferenças sociais e a poluição.
"A corrupção é uma questão de grande preocupação para o povo (...) Se não conseguirmos controlar bem essa questão, poderá ser fatal para o Partido e até causar o colapso do Partido e a queda do Estado", alertou o antecessor de Xi Jinping, Hu Jintao, na abertura do XVIII Congresso do PCC, em novembro de 2012.