CO2 no valor mais alto em 4 milhões de anos

Polo Sul era o último lugar no planeta onde ainda não se tinham atingido valores tão altos de dióxido de carbono
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"A Terra passou outro marco infeliz". É assim que a Administração Nacional dos Oceanos e Atmosfera (NOAA em inglês) dos Estados Unidos dá conta que os valores de dióxido de carbono ultrapassaram as 400 partes por milhão (PPM) no Polo Sul, pela primeira vez nos últimos quatro milhões de anos.

"O extremo do hemisfério sul foi o último lugar na Terra onde o CO2 ainda não havia atingido esta marca", recorda Pieter Tans, coordenador da Rede Global de Gases de Estufa da NOAA, em comunicado disponível no site oficial do organismo. "Os níveis globais de CO2 não voltarão para valores abaixo de 400 ppm durante o nosso tempo e certamente por muito mais anos."

O dióxido de carbono é o responsável pelo efeito de estufa. E os valores têm aumentado constantemente nas últimas décadas, desde que a revolução industrial tornou o planeta dependente dos combustíveis fósseis. "As evidências são muitas e sólidas que o aumento do CO2 é causado inteiramente pela atividade humana. Uma vez que as queimas de combustíveis fósseis têm atingido níveis recorde nos últimos anos, também a taxa de aumento de CO2 foi um recorde. Sabemos que algum dióxido de carbono irá permanecer na atmosfera durante milhares de anos", explica Pieter Tans.

A NOAA refere, no comunicado, que os níveis de CO2 aumentam no outono e inverno e descem durante o verão do Hemisfério Norte, à medida que as plantas consomem CO2 através da fotossíntese. Porém, as plantas conseguem capturar apenas uma parte do CO2, o que significa que todos os anos os níveis de dióxido de carbono da atmosfera são superiores aos registados no ano anterior. Em 2015 a média mundial foi de 399 ppm, o que significa que este ano a média será superior aos 400 ppm. Como se trata de uma média, fica a questão se no mês com melhores resultado o valor de CO2 será abaixo dos 400.

O alerta lançado pela rede norte-americana é reforçado pelo centro britânico de pesquisa científica na Antártida, com dados recolhidos na estação de Halley. "A notícia de que mesmo aqui os níveis de dióxido de carbono atingiram os 400 ppm mostra que nenhuma parte do planeta é poupada aos impactos da atividade humana", salienta David Vaughan, diretor centro britânico. "Esta informação mostra que temos de nos afastar dos combustíveis fósseis. As emissões precisam de diminuir para valores próximos do zero para controlarmos as alterações climáticas. Temos as soluções nas nossas mãos. Agora só precisamos de passar à prática", defende Corinne Le Quéré, diretora do Centro de Pesquisa de Alterações Climáticas Tyndall.

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