CML desenhou plano para a JMJ com a PSP e diz que a "cidade não vai parar"
A Câmara Municipal de Lisboa explicou ontem que o Plano de Acessibilidade da cidade durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que foi noticiado na terça-feira diz respeito aos "perímetros de segurança dos recintos identificados pela PSP" e que as medidas que constam do documento foram definidas "em conjugação" com esta força de segurança. A autarquia esclareceu ainda que a "CML não vai fechar ruas da cidade, nem tem essa competência", e que as medidas "garantem que a cidade e os seus operadores económicos não vão parar".
Ao que o DN apurou, o documento, assinado pela Direção Municipal da Mobilidade, foi apresentado na segunda-feira numa reunião organizada por elementos do Sistema de Segurança Interna e da Câmara de Lisboa aos comerciantes e empresários da cidade, tendo acabado por se tornar público. Numa nota de esclarecimento, a autarquia liderada por Carlos Moedas faz questão de sublinhar que este "documento de acessibilidade às zonas de Lisboa que serão palco dos eventos principais da Jornada Mundial da Juventude identifica os perímetros de segurança dos recintos identificados da PSP", sendo independente do Plano de Mobilidade da JMJ que será a apresentado amanhã pelo governo.
Estes perímetros de segurança apresentam os condicionamentos à circulação automóvel, consoante a localização dos eventos: no Parque Eduardo VII nos dias 1, 3 e 4 de agosto; no Parque Tejo a 5 e 6. "A Câmara de Lisboa não vai fechar ruas da cidade, nem tem essa competência. Também, como está claro no documento, a circulação pedonal não estará nunca afetada. Trabalhadores, moradores, turistas e peregrinos todos circularão por todas as artérias da cidade de Lisboa", refere a autarquia na mesma nota. É ainda dito que está garantida a circulação de veículos de emergência, transporte de medicamentos, transporte de pessoas com mobilidade reduzida e acesso a assistência médica mesmo durante a realização dos eventos.
De acordo com a autarquia, este plano de acessibilidade foi feito em conjugação com a PSP, definindo "um conjunto de medidas que garantem que a cidade e os seus operadores económicos não vão parar". "Exemplo disso é a criação de duas janelas horárias para o abastecimento de todos os estabelecimentos, quer em horário noturno (das 00.00 às 7.00 horas), quer na manhã dos eventos em que o abastecimento poderá acontecer entre as 7.00 e as 10.00".
Em traços gerais, o plano prevê que a zona em volta do Parque Eduardo VII estará com "restrição absoluta à circulação automóvel" nos dias 1, 3 e 4 de agosto (zona vermelha), havendo uma área mais alargada (zona amarela) onde será permitida a circulação rodoviária a residentes, trabalhadores com declaração da entidade patronal, cargas e descargas, avenças de parques de estacionamento públicos, TVDE e tuk-tuks e transportes públicos. Está ainda prevista uma zona verde sem qualquer tipo de restrições, com a autarquia a deixar o aviso de que "poderá haver cortes pontuais devido à presença de determinados eventos associados à JMJ 2023". De referir que os constrangimentos na capital vão sentir-se sobretudo entre o Parque Eduardo VII e o Terreiro do Paço, abrangendo vias como as avenidas da Liberdade, Infante Dom Henrique e Fontes Pereira de Melo.
Quanto ao Parque Tejo, também haverá limites à circulação identificados por três zonas (vermelha, amarela e verde) nos dias 5 e 6 de agosto. Os acessos ainda no concelho de Lisboa ao Passeio Marítimo de Algés estarão divididos em zona amarela e verde no dia 6. As regras aplicadas às diferentes zonas de circulação nestes dois locais são em tudo semelhantes às aplicadas no Parque Eduardo VII.
As associações da Baixa Pombalina e Valorização do Chiado estão preocupadas com estes cortes no centro de Lisboa, mas também otimistas com o possível retorno. "As coisas têm de ser feitas com muita calma e antecipação. Vamos, portanto, todos em conjunto acreditar que tudo vai correr com normalidade dentro da anormalidade. Que as portas não se encerrem todas para se poder vir à Baixa e que os transportes públicos, que têm aqui um papel muito importante, funcionem", disse o presidente da ADBP, Manuel Lopes.
Também o presidente da Associação de Valorização do Chiado, Vítor Silva, afirmou ver com apreensão os cortes em toda a cidade, temendo que estes tragam ainda mais prejuízos para o comércio e restauração. "Sugerimos alargar horários para a restauração, comércio e museus, que estejam abertos até mais tarde naquela semana. Até à meia-noite por exemplo", disse.
com Lusa