Jean-Claude Brisseau é um artífice do erotismo feminino. Mas não o tipo de artífice que esconde as ferramentas usadas no seu ato de criação. Em Que o Diabo nos Carregue - filme sobre o encontro acidental de três mulheres que acabam a partilhar os lençóis, mas também as questões individuais da psique - Brisseau faz do décor uma oficina com instrumentos espalhados e integrados na narrativa.
Vêem-se lombadas de livros que são autênticas piscadelas de olho, quadros nas paredes, com corpos femininos em êxtase místico, que são a base poética do projeto do cineasta, e um apartamento (do próprio, como habitualmente) que é uma galáxia da intimidade.
Este é um filme que, explorando a dimensão cósmica do sexo, o faz de uma forma quase cândida, com um rasto de kitsch a alimentar o humor suave que atravessa uma história de pulsões interiores.
Classificação: *** (Bom)