Cidades da Sérvia enchem-se em protesto contra o novo presidente
Pelo quarto dia consecutivo, desde as eleições presidenciais realizadas no domingo, várias cidades da Sérvia voltaram a ser palco de protestos contra Aleksandar Vucic - o até agora primeiro-ministro que foi eleito presidente. "Vim por causa da tirania de Vucic", afirma, citado pelo Balkan Insight, Sasa Loncar, um estudante universitário que saiu à rua em Belgrado para mostrar o seu descontentamento com a situação política no país. A contestação já ultrapassa as fronteiras. Para hoje - contra a "ditadura" - está marcada uma manifestação na Áustria, em Viena, cidade com uma considerável comunidade sérvia.
Aleksandar Vucic, do Partido Progressista, venceu as eleições presidenciais com 55% dos votos, deixando a uma larga distância o segundo classificado, o independente Sasa Jankovic, que se ficou pelos 16,4%. O presidente eleito - que tomará posse no dia 31 de maio - é, por estes dias, a figura que domina a política sérvia, tendo em conta que desde 2014 ocupa o cargo de primeiro-ministro.
Nas legislativas de há três anos, que o levaram à chefia de governo, Vucic não deu hipóteses aos opositores, obtendo a maioria absoluta para a coligação liderada pelo seu partido, com 158 dos 250 lugares do parlamento sérvio. Mais tarde, em abril do ano passado, em novas legislativas, Vucic reforçou ainda mais o poder, ao somar sozinho - sem qualquer coligação com outras forças - 48,3% dos votos. Essa ida às urnas, que em condições normais deveria ter acontecido apenas em 2018, foi antecipada porque Vucic entendeu que era necessário revalidar a estabilidade política: "Precisamos de mais quatro anos para ficarmos prontos para aderir à UE".
O novo presidente terá agora de encontrar alguém para lhe suceder à frente do executivo, mas os críticos não têm dúvidas de que será ele a mandar no governo, ao mesmo tempo que veste a pele de chefe de Estado. Esta concentração de poder está, em larga medida, na base das manifestações. De acordo com a agência Bloomberg, em Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvio, os estudantes defendem que houve irregularidades nas eleições e que estas foram encobertas pelos meios de comunicação social.
Além de procurar a aproximação a Bruxelas, Vucic tem também tentado aprofundar os laços que ligam Belgrado a Moscovo.