China denuncia passagem de contratorpedeiro norte-americano pelo Estreito de Taiwan

Exército chinês fala em ato de "provocação". Vice-presidente do Parlamento Europeu apela ao diálogo.
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O Exército chinês denunciou esta quarta-feira a passagem do contratorpedeiro norte-americano USS Benfold pelo Estreito de Taiwan como um ato de "provocação".

O porta-voz do Comando de Operações do Teatro Leste do Exército de Libertação Popular, o coronel Shi Yi, disse que o USS Benfold navegou na terça-feira, pelas águas do Estreito de Taiwan, cuja largura de 180 quilómetros separa a ilha da província chinesa de Fujian.

O Comando ordenou que forças navais e aéreas "monitorassem e controlassem" toda a rota, assegurou Shi.

Segundo o coronel, as "frequentes provocações e demonstrações" feitas pelos Estados Unidos expõem o país como um "destruidor da paz e da estabilidade" e o "criador de riscos" no referido estreito.

Shi acrescentou que as tropas do Comando Leste "permanecem em alerta máximo" para "defender a soberania nacional e a integridade territorial da China".

A China garantiu na terça-feira que responderá com "medidas fortes" se a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, visitar Taiwan no próximo mês, uma possibilidade avançada na terça-feira pelo jornal Financial Times, mas não confirmada nem negada por Pelosi ou a sua equipa.

Taiwan é uma das principais fontes de tensão entre a China e os Estados Unidos, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar, no caso de uma guerra contra a China.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.

No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Nos últimos anos, as incursões de aviões militares chineses na zona de defesa aérea da ilha intensificaram-se.

No fórum de Defesa Shangri-La, que se realizou em Singapura, em junho, o ministro da Defesa chinês, Wei Fenghe, disse que os seus militares "esmagariam" qualquer tentativa de Taiwan de tornar-se independente, e advertiu os EUA para pararem de tentar conter a China.

"Se alguém forçar uma guerra contra a China, o Exército de Libertação Popular [as Forças Armadas chinesas] não recuará", acrescentou Wei.

A vice-presidente do Parlamento Europeu, Nicola Beer, reuniu-se esta quarta-feira com a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, e pediu que a China abra um "diálogo mútuo e respeitoso" com o território.

Beer enfatizou a importância de Taiwan "à escala global" e apelou que a ilha possa participar na Organização Mundial da Saúde e que a União Europeia (UE) melhore a sua representação em Taipé.

Reafirmou o apoio ao direito de Taiwan de determinar o seu próprio futuro, face às crescentes ameaças chinesas de anexar a ilha à força, dizendo que Pequim deve "abster-se de gestos ameaçadores".

"Taiwan merece desempenhar plenamente esse papel como parceiro internacional global, estratégico, responsável e confiável", disse Beer a Tsai.

"Somente o povo de Taiwan pode decidir sobre o futuro de Taiwan", defendeu.

A vice-presidente do Parlamento Europeu afirmou que a China deve "ter uma parte ativa e construtiva na manutenção e garantia do 'status quo' atual, com base no diálogo mútuo e respeitoso".

Tsai elogiou as crescentes relações económicas entre Taiwan e a UE e a aprovação de 20 resoluções no Parlamento Europeu desde o início de 2021 favoráveis a Taipé.

"Em nome do povo de Taiwan, gostaria de aproveitar esta oportunidade para estender a nossa sincera gratidão à vice-presidente Beer", disse a líder de Taiwan.

A alemã Beer é um dos 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu, cujos membros são eleitos entre os 27 estados-membros da UE e que exercem poderes legislativos e de supervisão sobre o executivo do bloco, a Comissão Europeia.

Os seus membros são conhecidos por assumir posições independentes em relação às relações externas, Direitos Humanos e meio ambiente.

Pequim cortou todos os contactos com Taipé após a eleição de Tsai, em 2016, devido à sua recusa em reconhecer que Taiwan faz parte da China e aos seus esforços para construir uma identidade taiwanesa independente.

Na terça-feira, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, condenou a visita de Beer a Taiwan e a adoção de resoluções pró - Taiwan pelo Parlamento Europeu.

"Esta é uma grave violação do princípio de 'Uma só China' e envenenou as relações China -- Europa", disse Zhao, referindo-se à insistência da China de que Taiwan não tem direito ao reconhecimento diplomático independente.

"Pedimos à UE que respeite seriamente o princípio de 'Uma só China' e seja prudente em questões relacionadas a Taiwan, de modo a evitar graves danos nas relações China - UE", acrescentou.

A China garantiu ainda na terça-feira que responderá com "medidas fortes" se a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, visitar Taiwan no próximo mês, uma possibilidade avançada na terça-feira pelo jornal Financial Times, mas não confirmada nem negada por Pelosi ou a sua equipa.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.

No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Atualmente, Taiwan mantém relações diplomáticas oficiais com 14 países: Guatemala, Honduras, Cidade do Vaticano, Haiti, Paraguai, Reino de Essuatíni, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.

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