Tensão Canadá-China: Pequim anuncia julgamento de canadiano por tráfico de droga

O julgamento do cidadão canadiano, no sábado, ocorre numa altura de crescente tensão entre Pequim e Otava, face à detenção pelas autoridades canadianas da diretora financeira da Huawei
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Um tribunal da província de Liaoning, nordeste da China, vai julgar no próximo sábado um cidadão canadiano, acusado de tráfico de droga, num período de crescente tensão com o Canadá, que deteve uma importante executiva chinesa.

Segundo um comunicado publicado no portal oficial do Tribunal Popular Superior de Liaoning, o julgamento de Robert Lloyd Schellenberg vai ocorrer no sábado à tarde na China. A imprensa local refere que Schellenberg foi detido na posse de uma "quantidade surpreendente" de droga, mas não detalhou qual o tipo de droga ou a quantidade específica.

Segundo o Código Penal chinês, o tráfico, importação, transporte ou fabrico de ópio, numa quantidade superior a um quilo, ou de 50 gramas de heroína e outros narcóticos, pode ser punido com pena de morte ou prisão perpétua. Em dezembro de 2009, a China executou o britânico Akmal Shaikh, apanhado com mais de quatro quilos de heroína.

Pelas contas do Governo chinês, o país tinha 2,5 milhões de toxicodependentes, em 2017, entre os quais 60% consumiam drogas sintéticas e 38% opiáceos. A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes. Considerada um "demónio social", a droga está associada ao chamado de "século de humilhação nacional", iniciado com a derrota da China na "Guerra do Ópio" (1839-42).

O julgamento de Robert Lloyd Schellenberg ocorre também numa altura de crescente tensão entre Pequim e Otava, face à detenção pelas autoridades canadianas, no início deste mês, da diretora financeira da gigante chinesa das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou. Meng foi detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.

Após terem ameaçado o Canadá com "graves consequências", caso não libertasse Meng, as autoridades chinesas detiveram Michael Kovrig, antigo diplomata do Canadá, e Michael Spavor, empresário que organiza viagens turísticas e eventos desportivos na Coreia do Norte, ambos acusados de "prejudicarem a segurança nacional da China". Na semana passada, a China confirmou a detenção de uma professora canadiana, no terceiro caso do género, por "trabalhar ilegalmente" no país.

Meng foi, entretanto, libertada sob fiança por um tribunal canadiano.

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