CGD. Passos Coelho soube dos créditos problemáticos em 2015

A Comissão de Auditoria da Caixa é presidida pelo conceituado advogado de Direito Fiscal Eduardo Paz Ferreira, casado com a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem
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Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças do governo de Pedro Passos Coelho, recebeu em 2015 relatórios trimestrais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) a alertar para um conjunto de créditos a merecer "especial atenção", devido às imparidades que poderiam causar no banco público. O jornal I escreve que esta informação está num relatório da comissão de auditoria da CGD relativo às contas de 2015, a que teve acesso. Esta segunda-feira o PSD anunciou que vai forçar, de forma potestativa, com um inquérito parlamentar à gestão da Caixa.

"O relatório sobre o processo de quantificação da imparidade da carteira de crédito do grupo CGD elaborado pelo auditor externo (Deloitte) identifica um conjunto de créditos objeto de acompanhamento, os quais mereceram particular atenção da Comissão de Auditoria, conforme relatórios trimestrais emitidos para a tutela", lê-se no documento anual citado pelo I.

Esta Comissão de Auditoria fiscaliza a contabilidade e a gestão do banco e tem função de controlo sobre os atos administrativos e os riscos que o banco assume. O seu presidente é o advogado Eduardo Paz Ferreira, conhecido e conceituado fiscalista, catedrático de Direito. Foi chefe de gabinete de Medeiros Ferreira, quando este foi ministro dos Negócios Estrangeiros e foi sócio de Salgado Zenha num escritório de advogados de ambos. É casado com a procuradora-geral adjunta Francisca Van Dunem, atual Ministra das Finanças. Conta ainda a jornal que a comissão de auditoria teve no ano passado uma atividade intensa, com a equipa de Paz Ferreira a reunir 17 vezes, em vez das legalmente previstas seis.

Na semana passada o Correio da manhã tinha noticiado que uma auditoria de Agosto de 2015 dizia que o banco tinha concedido créditos com "deficiente análise de risco". Segundo este jornal a CGD tinha uma exposição de "mais de 2,3 mil milhões de euros de empréstimos em risco de não serem pagos". O maior devedor era o grupo Artland com 476 milhões em dívida e 214,14 milhões de crédito perdido (imparidades). Outros créditos em risco fora concedidos aos grupos Espírito Santo, Lena e Efacec. O projeto do aldeamento de Vale do Lobo também está na lista negra dos créditos (282,9 milhões e 138,1 de imparidades). Este empreendimento está ligado ao antigo administrador Armando Vara e é alvo da investigação do Ministério Público que tem José Sócrates como alvo principal.

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