Cascais expande medidas sociais e tem teleconsultas veterinárias gratuitas

Objetivo é ajudar famílias e idosos com dificuldades financeiras a terem acesso a aconselhamento especializado para os seus animais de companhia. "Não esperamos pelo Estado Central", garante a autarquia.
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As consequências económicas e sociais da pandemia fazem-se sentir em várias áreas e a veterinária não é exceção. Enquanto propostas políticas para a criação de um Sistema Nacional de Saúde para animais de estimação ou para a redução do IVA em serviços veterinários não reúnem consenso nacional, são muitas as famílias com dificuldades em tratar dos seus gatos e cães. A pensar nesse desafio, que se adensou com a crise sanitária, a Câmara Municipal de Cascais lançou um projeto que oferece consultas veterinárias telefónicas gratuitas aos munícipes do concelho. "Esta linha de aconselhamento é fundamental sobretudo para os idosos que, muitas vezes, têm no seu animal a única companhia e muitos sem possibilidade de o levar a um veterinário", explica a autarquia ao DN.

Este projeto surge depois de, em abril, o município ter anunciado a disponibilização de teleconsultas de medicina geral e familiar a todos os residentes que possuam o cartão Viver Cascais. À semelhança dos serviços oferecidos à saúde humana, esta nova iniciativa permite que qualquer habitante do concelho possa contactar a linha telefónica veterinária - 800 203 186 - e receber aconselhamento especializado. "Faz ainda mais sentido numa altura em que a adoção de animais, devido à pandemia, aumentou. É natural que surjam dúvidas e questões que necessitem de ser respondidas", detalha o executivo. Os principais públicos-alvo são a população idosa e as famílias com dificuldades financeiras, muitas vezes sem capacidade de recorrer a um veterinário.

Embora não seja possível aferir o real número de animais de estimação em Cascais, já que nem todos são registados como exige a lei, a autarquia estima que uma em cada duas famílias tenha um animal de companhia. Já em todo o país, dados do Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC) confirmam que, em 2020 e durante a pandemia, as adoções de cães aumentaram 15% e as de gatos cerca de 78%, uma tendência que se manteve no primeiro trimestre do ano.

Nesta primeira fase, o projeto conta com uma equipa de quatro veterinários do corpo técnico do Serviço Médico Permanente, que tem assegurado uma média de cerca de 200 atendimentos por semana. No entanto, a câmara garante que "todos os veterinários do concelho estão convidados a participar", se assim o desejarem. Questionado sobre se pretende expandir este serviço telefónico para consultas presenciais, o município esclarece que a iniciativa foi pensada "exclusivamente para o formato de aconselhamento à distância" e que não quer "retirar espaço aos veterinários". A intenção é de "crescer e, sempre que se justificar, aumentar a capacidade de resposta" dos serviços, atualmente com um orçamento de cinco mil euros por mês.


Ainda que temas como a saúde e apoios sociais sejam sobretudo da competência do Estado Central, a Câmara Municipal de Cascais tem procurado complementar os serviços públicos com ofertas locais, adaptadas à realidade dos seus munícipes. "Quando alguma coisa está em falta ou deve ser melhorada vamos de imediato para a frente, não ficamos à espera que sejam os outros a fazerem o seu papel quando temos a solução", diz a autarquia em resposta ao DN. Medidas como a oferta de transportes públicos gratuitos aos residentes, trabalhadores e estudantes do concelho ou ainda a já mencionada iniciativa de teleconsultas são disso exemplo.
Mas a cidade tem vindo também a afirmar-se no campo do bem-estar animal, um palco político que marca a agenda pública e que está, cada vez mais, alinhado com as preocupações da sociedade atual. É o caso do fim das touradas, dos circos com animais ou até do abate de animais em canis municipais, decisões tomadas por Cascais em antecipação às iniciativas de âmbito nacional. "Consideramos que uma sociedade forte é aquela em que pessoas e animais convivem em harmonia e respeito", afirma o executivo cascalense.


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