Cartões de crédito das marcas cobram juros máximos
Os cartões de crédito de fidelização das empresas de retalho são os que cobram os juros mais altos aos consumidores. A conclusão é da consultora ComparaJá, que analisou para o DN/Dinheiro Vivo as condições oferecidas. Segundo a análise, a maioria dos cartões de crédito de fidelização das cadeias de retalho apresentam uma taxa anual efetiva global (TAEG) igual ou colada à taxa máxima permitida pelo Banco de Portugal, que para o último trimestre de 2019 é de 15,7%.
"As TAEG oferecidas nestes cartões continuam a ser muito altas, quando comparadas com outras soluções existentes no mercado", afirmou José Figueiredo, diretor-geral da ComparaJá.pt. "Se for para utilizar como cartão de crédito regular, o melhor será procurar outras alternativas."
São muitas as marcas que possuem os seus próprios cartões de crédito. Mas com a exceção do caso do El Corte Inglés, que tem a sua própria empresa financeira, o crédito nestes cartões é cedido por empresas como a Cetelem, a Oney ou a Unicre. Os cartões possuem várias vantagens, nomeadamente descontos nas compras de produtos das marcas e não ser cobrada a anuidade. O problema são as taxas de juro elevadas.
No caso dos hipermercados, os cartões de crédito são gratuitos. Nem o cartão da Auchan, nem o da Sonae (Universo), nem o do El Corte Inglés cobram anuidade. Mas o Cartão Universo e o do El Corte Inglés preveem uma TAEG de 15,7%, enquanto o Cartão Oney Auchan tem um juro de 15,6%.
O Cartão Universo tem uma vantagem diferenciadora: o facto de estar associado à Sonae permite ao consumidor aceder a vantagens nas diversas marcas do grupo retalhista. E também o acesso ao Plano Wells, que traz consigo descontos ao nível da saúde.
Na tecnologia, os três cartões analisados cobram a TAEG máxima permitida pelo supervisor bancário. Os cartões do Media Markt, da Rádio Popular e da FNAC têm uma TAEG de 15,7%. O cartão da FNAC tem a vantagem de permitir o acesso a descontos não só na própria marca mas também junto de parceiros.
No vestuário, o cartão Decathlon cobra a TAEG máxima, enquanto o cartão Must Freeport prevê juros de 15,6%. O do Freeport tem a vantagem de permitir o acesso a descontos numa rede de parceiros.
Na decoração e mobiliário, foram analisados os cartões de lojas IKEA, Conforama, AKI e Leroy Merlin. Os dois primeiros têm a TAEG máxima e os dois restantes cobram 15,6%. Tanto o cartão da AKI como o da Leroy Merlin estão associados à Oney e possuem vantagens nas próprias marcas e nos parceiros.
No automóvel, foram analisados três cartões: Salvador Caetano, BP e Norauto. Cobram TAEG entre 15,6% e 15,7%. Permitem descontos vários, tanto nas próprias marcas como junto de parceiros e não cobram anuidade. O cartão BP PowerPlus oferece seguros gratuitos.
Para José Figueiredo, todos os cartões analisados oferecem descontos e "podem ser uma boa oportunidade para poupar algum dinheiro. É o caso, principalmente, dos clientes que fazem compras regulares na mesma marca ou numa superfície comercial e, como tal, possam usufruir das vantagens presentes nestes produtos financeiros". Mas avisa que o consumidor deve ter atenção ao utilizar estes tipos de cartões, uma vez que as TAEG são muito elevadas. "Se decidir utilizar estes cartões, deve procurar proteger-se das taxas de juro cobradas, optando, por exemplo, por fazer pagamentos a 100%."