Carla Padrel de Oliveira: "Universidades devem ter possibilidade de aplicarem verdadeiramente o regime de autonomia"
1 - O que espera da maioria absoluta de António Costa?
Espero que governe e proceda a reformas estruturais indispensáveis nas áreas da Educação, Justiça, Saúde e Segurança Social, com ampla participação da sociedade e numa lógica de subsidiariedade, libertando o Estado para as suas tarefas fundamentais e permitindo que a sociedade respire, assuma responsabilidades e desenvolva iniciativas.
2 - O país será melhor governado com maioria absoluta do que com acordos ou geringonças?
É seguramente o que os portugueses desejam e esperam, sendo que as reformas estruturais com a profundidade e durabilidade que se impõem necessitam de uma base alargada de consenso político que ultrapassa a maioria absoluta.
3 - O que espera da atual oposição?
Maior responsabilidade e capacidade de discutir ideias, projetos e reformas que contribuam efetivamente para o desenvolvimento do País, promovendo a sua modernização (p.ex. da Administração Pública) e consolidando ou potenciando soluções (p.ex ao nível fiscal) que sejam um fator de progresso.
4 - O PSD deve preparar-se para ser uma alternativa mesmo que demore mais quatro anos a chegar ao poder?
Qualquer partido na oposição o deve fazer. O PSD sendo a 2.ª força política tem a obrigação de se constituir como alternativa credível, assente num projeto de desenvolvimento e modernização do país.
5 - Dois ou três deputados a que vai estar particularmente atento? E porquê?
Estarei seguramente atenta às intervenções do líder da IL e também dos restantes lideres parlamentares. A IL destacou-se na defesa da liberdade para a sociedade, o que é uma urgência em Portugal. Por isso, estarei criticamente atenta às suas iniciativas e propostas. Dos restantes líderes parlamentares espero qualidade humana, técnica e maturidade política, cultural e social no debate político.
6 - Que expectativa tem em relação aos pequenos partidos que viram as suas bancadas reforçadas no parlamento?
Que não sejam apenas uma voz discordante mas que sejam capazes de promover uma intervenção construtiva, acima de tudo em prol de um bem maior: o desenvolvimento do país.
7 - Preocupa-a que um partido histórico da democracia, o CDS, esteja agora ausente do parlamento?
Claro que sim. Trata-se de um partido que teve um papel importante (senão mesmo crucial) em momentos, também eles fundamentais, da democracia portuguesa. Para além disso, a matriz democrata cristã é constitutiva da identidade da Europa e a ausência da representação parlamentar é um empobrecimento do debate político português.
8 - O Governo está prestes a tomar posse. Para a educação e ensino superior, qual será a seu ver a medida mais urgente?
Para além das questões de financiamento, considero fundamental que seja dada a possibilidade de as universidades aplicarem verdadeiramente o regime de autonomia que lhes é reconhecido pela lei, desempenhando os organismos públicos a sua função de regulação e fiscalização, com imparcialidade e isenção.