Carla desapareceu no Peru há seis meses. Família não desiste de a procurar
Carlos Valpeoz tem 71 anos e anda há seis meses pelo Peru à procura da filha, Carla, que desapareceu durante uma viagem. A polícia acredita que a mulher terá sofrido um acidente, mas o corpo nunca foi encontrado. A família não desiste de a procurar, apesar de estar convicta que Carla terá sido vítima de um crime.
A professora de árabe, de 35 anos, era invisual mas já tinha visitado vinte países e era uma jovem independente que vivia sozinha em Brooklyn. Ninguém consegue explicar por que razão apanhou um táxi sozinha com destino a umas ruínas incas. Foi a última vez que foi vista.
Uma câmara do lado de fora de uma farmácia em Pisac - onde se situam as ruínas que Carla iria visitar, nessa manhã de 12 de dezembro de 2018 - capturou a última imagem conhecida da turista. Mostra uma mulher a andar rapidamente com a ajuda da bengala dobrável e apenas uma hora depois de ter deixado o hostel onde estava hospedada, conta a CNN.
Carla tinha programado uma viagem de duas semanas e planeara visitar Machu Picchu sozinha, mesmo depois de uma amiga a ter aconselhado a não ir sem companhia. Garcia Steele também viajou para o Peru para participar num casamento e esteve sempre em contacto com Carla Valpeoz até que esta deixou de responder às mensagens.
Quando respondeu - mais de 12 horas depois - desculpou-se e culpou a rede de Wi-Fi, mas houve algo na mensagem que deixou Garcia Steele preocupada.
"Tive um grande problema e preciso de o resolver antes de voltar para casa", escreveu Carla. A última mensagem data de 11 de dezembro, o dia anterior ao seu desaparecimento. O grupo de amigos com quem saíra na noite anterior ficou a dormir no hostel e a câmara de vigilância filmou Carla a entrar sozinha num táxi.
Antes de sair, a mulher ainda enviou uma mensagem a um amigo onde alertava que estaria de volta em poucas horas. No quarto deixou dois sacos com lembranças, medicamentos e um casaco.
Mais tarde, as autoridades descobriram que em vez de um, a professora apanhou dois táxis. O primeiro motorista deixou Carla numa rua em Cusco, e Carla viajou noutro - no caso um táxi coletivo - até Vale Sagrado.
As autoridades acreditam que se dirigia ao Parque Arqueológico de Pisac, um sítio histórico na montanha conhecido pelas ruínas incas, túneis e enormes campos agrícolas.
Durante algum tempo, as autoridades do Peru defenderam a teoria de que algo tinha acontecido a Carla no interior do parque e que alguém teria escondido o corpo ou que este tinha sido devorado por animais.
Após intensas buscas no local, com a ajuda de cães que detetam o odor de cadáveres, e com recurso a drones, o corpo da mulher não foi encontrado.
A polícia acredita agora que Carla Valpeoz nunca entrou no parque. A teoria é a de que alguém a levou ou atraiu para um dos muitos locais de rituais na região onde os turistas experimentam uma bebida alucinogénia - e às vezes fatal - conhecida como ayahuasca.
A família de Carla afirma que a mulher nunca experimentaria drogas e defendem a teoria de que Carla foi agredida sexualmente, sequestrada ou vítima de tráfico humano ou de órgãos.
"Não tenho dúvidas de que a minha irmã foi vítima de um crime", disse o irmão mais novo da professora.
Uma equipa de detetives da polícia peruana que lida com pessoas desaparecidas e casos de homicídio está atualmente a trabalhar em conjunto com um magistrado para encontrar Carla viva ou os seus restos mortais.
O pai de Carla Valpeoz já visitou uma dúzia de pequenas cidades em uma região remota dos Andes peruanos chamada Vale Sagrado. Leva panfletos com o rosto da filha e pergunta de casa em casa se alguém a viu.
Tem vivido das poupanças - deixou o seu emprego como empreiteiro - do valor angariado pelo site de angariação de fundos GoFundMe e da contribuição financeira do irmão, que só não se mudou para o Peru porque tem mulher e um filho pequeno.
A família garante que não vai deixar de procurar, de ligar dezenas de vezes para as autoridades do Peru ou de seguir as pistas que forem sendo encontradas.
"Preciso de trazer a minha filha de volta. Tenho de a encontrar de qualquer maneira", diz Carlos Valpeoz.