Caos nos correios e encomendas? ONU alerta para riscos de ameaça americana
Os EUA anunciaram, em outubro de 2018, que se estavam a preparar para abandonar a União Postal Universal (UPU), por considerarem que esta organização, sob tutela das Nações Unidas, estava a ser excessivamente favorável aos interesses da China, com quem os norte-americanos disputam um acordo comercial.
Os EUA criticam o facto de a China ser considerada um país em desenvolvimento, beneficiando de taxas mais favoráveis, pelo que ameaçou abandonar a UPU, se não se alterarem regras básicas de divisão de compromissos financeiros.
Em Genebra, os 192 estados membros da UPU estão reunidos em Congresso Extraordinário para tentar evitar esse cenário, com o diretor-geral da organização, Bishar Hussein, a alertar para os riscos da saída dos EUA.
"Se os Estados Unidos partirem, haverá pilhas (de pacotes), porque cada país terá que encontrar uma maneira de enviar correspondência para os Estados Unidos e o sistema tradicional ficará completamente bloqueado", afirmou Hussein, acrescentando que se ficará numa situação de "desorganização total" nos correios mundiais.
Os Estados Unidos pretendem aplicar as suas próprias tarifas postais até 1 de janeiro de 2020, indicando, contudo que a retirada da UPU pode ainda ser reversível, se as negociações com os diferentes países forem bem-sucedidas.
O Congresso Extraordinário da UPU, o terceiro desde a criação da organização em 1874, responde às preocupações expressas por vários países, incluindo os Estados Unidos, sobre o sistema de remuneração de correspondências de cartas dos Estados Unidos, seja no formato volumoso ou embalagens pequenas.
No atual modelo, a UPU determina pelas suas regras que o país de destino seja reembolsado pelo país de expedição pelos custos incorridos na prestação do serviço correspondente à distribuição.
Assim, a UPU fixa taxas (chamadas taxas de remuneração) que os postos de cada país repassam para a entrega de correios e pequenas encomendas em todo o mundo.
Como a UPU classifica os países em quatro grupos de desenvolvimento económico e postal, os países pobres e em desenvolvimento, incluindo a China (que está no terceiro grupo), beneficiam de taxas mais baixas do que os países ricos da Europa e América. Norte.
Segundo Washington, este sistema custa aos Estados Unidos entre 300 e 500 milhões de dólares por ano (entre 273 e 455 milhões de euros), fatura que pretende baixar com uma mais equitativa distribuição de contribuições dos restantes países da UPU.