Candidatos sintonizados no combate às alterações climáticas
O reforço do orçamento europeu para combater as alterações climáticas foi defendido pelo cabeça de lista do PS, Pedro Marques, num debate promovido pelo ISCTE e transmitido pela TSF. A proposta foi secundada pelos restantes adversários nesta corrida ao Parlamento Europeu, embora com nuances e algumas críticas.
Nomeadamente a do líder da lista do PSD, Paulo Rangel que atacou a "fraca" política de investimento do atual governo nos transportes e em particular na ferrovia. Uma crítica indireta a Pedro Marques, que era até há bem pouco tempo ministro do Planeamento e Infraestruturas. Ainda que o candidato socialista também tenha defendido neste debate a seis a aposta no combate à "mobilidade individual".
Paulo Rangel lembrou, apesar de tudo, que a Europa "é de longe" a região mais amiga do ambiente, mas reconheceu que é preciso ir mais longe nas metas para reduzir a emissão de gases. "Mas as metas têm de ser realistas", sustentou. Defendeu ainda três áreas de missão para combater as alterações climáticas: florestas, água e mobilidade. Também o cabeça de lista do CDS, Nuno Melo, defendeu uma política da União Europeia vocacionada para proteção dos aquíferos.
À esquerda, a cabeça de lista do BE, Marisa Matias, lembrou que o combate às alterações climáticas é uma das prioridades das medidas que defende para a União Europeia e disse que se baterá por um reforço das verbas destinadas a este fim. "25% do financiamento não é suficiente". A par disso, afirmou ser necessário "um plano de investimento público", que vise um novo modelo agrícola e os transportes. "Não pode haver subsídios para a indústria poluente", argumentou.
A aposta da UE no "mercado do carbono" é o cavalo de batalha de João Ferreira, cabeça de lista da CDU, para o qual e preciso mudar o "paradigma", através de uma abordagem normativa que impeça a desregulação do comércio internacional e a produção e consumo muito amplos, privilegiando a produção e consumo locais.
Já Marinho e Pinto, o candidato do PDR, na senda de "descarbonizar a economia" defendeu a criação de uma taxa por emissão, que penalize quem mais poluir. A a evolução do conceito de combate às alterações climáticas para a "ecosofia", em que se procura a mobilização das pessoas e da opinião pública para esse combate.
Na conferência "A Europa como ator global", os candidatos dividiram-se mais, como seria de esperar, sobre as relações transatlânticas, em particular sobre os acordos comerciais com os Estados Unidos e a Nato, embora Marinho e Pinto tenha sido o único a defender a criação de um exército único europeu,
Para Marinho e Pinto. a União Europeia tem de ter uma "relação equilibrada com os Estados Unidos, mas também tem de ser abrir à Rússia e à China". O que o leva a defender uma menor dependência da NATO e a criação do exército único europeu, subordinado ao poder político europeu, escolhido pelos cidadãos dos Estados-membros.
"Não há resposta mais errada do que criar um exército único europeu", afirmou Marisa Matias, ideia em que foi secundada, curiosamente, por Nuno Melo e Paulo Rangel. O cabeça de lista do CDS afirmou que é preciso, isso sim, reforçar o dinheiro europeu para modernizar as forças armadas de cada país, incluindo Portugal, mas com reforço da cooperação com a NATO. "A NATO deve ser o pilar. Portugal não tem qualquer interesse num exército único europeu", disse Paulo Rangel, defendendo a partilha de equipamentos militares entre os Estados-membros. Recordou ainda que o PSD é contra o fim da unanimidade na política europeia.
O cabeça de lista social-democrata e eurodeputado deteve-se mais a lamentar que não tenha avançado o Tratado do Comércio livre entre os Estados Unidos e a Europa porque "era vital para Portugal".
Ideia fortemente contestada pelo adversário da CDU. João Ferreira que pediu um novo modelo de relações capaz de proteger os trabalhadores.
No início da conferência os candidatos fizeram um pequeno resumo das ideias que andam a defender na estrada nesta fase de pré-campanha eleitoral.