Canarinhos abatidos pela idade reformam-se sem glória da selecção

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O Brasil despediu-se sábado do Mundial da Alemanha, após a derrota com a França nos quartos-de-final (1-0). Derrota que foi também a despedida, em campeonatos do mundo, para muitos dos jogadores "trintões" que compõem esta geração campeã em 2002. Esta é a convicção da imprensa brasileira, que ontem exorcizou o adeus à Alemanha com uma análise fria, menos apaixonada, de uma selecção que a todos prometia a conquista do sexto troféu no Mundial de futebol .

A idade não perdoa: a maioria dos jogadores que integraram a selecção canarinha na Alemanha terão realizado o seu último campeonato do mundo. São os casos de do guarda-redes Dida , os defesas Cafu e Roberto Carlos e o médio Emerson... todos "trintões". Mas Ronaldo e Gilberto Silva, ambos com 29 anos, estarão também muito condicionados pela idade no Mundial da África do Sul, em 2010.

Apesar de nenhum destes jogadores ter ainda adiantado uma data para o final das suas carreiras, os adeptos brasileiros estão convencidos que, pelo menos, Cafu e Roberto Carlos não disputarão mais nenhum mundial .

Cafu, que participou no seu quarto mundial , terá 40 anos na próxima edição do torneio. "Já mostrou que não tem fôlego para ir tão longe. Frente à França jogou mal, deu muito espaço para que os franceses actuassem pelo seu lado e acabou sendo um dos mais vaiados pelos torcedores", analisaram os cronistas brasileiro de O Estado de S. Paulo.

Outro veterano da equipa é Roberto Carlos. Participou no seu primeiro mundial no França'98. Com 33 anos, o defesa esquerdo já não é o mesmo de antes. "Não terá condições de ir à África do Sul. Na Alemanha jogou no limite. E participou de forma curiosa e infeliz do lance do golo de Thierry Henry, o da vitória da França. No momento da cobrança da falta de Zidane, o jogador brasileiro estava amarrando um pé da chuteira. O golo saiu justamente por seu sector de marcação", acrescentam os jornalistas brasileiros.

O médio Emerson (30 anos), vice-campeão em 1998, e ausente no Mundial do Japão e Coreia em 2002 por lesão no ombro, retomará o trabalho na equipa italiana Juventus, mas não vestirá a camisola do Brasil para o mundial . O mesmo acontece com o médio Gilberto Silva, vencedor em 2002 como titular.

"Ronaldo, Roberto Carlos, Dida e Cafu fizeram muito pelo Brasil. E mereciam um adeus mais honroso. A despedida foi melancólica. Alemães, brasileiros e franceses viram, no Waldstadion, actuação fraquíssima de quase todos. O único que se salvou foi o óptimo Dida, um dos melhores do time em todos os jogos do torneio", concluem. Dida, um símbolo desta geração, também dificilmente jogará no próximo Mundial , quando tiver 36 anos. Titular pela primeira vez disputou o seu terceiro mundial .

Uma geração emergente

Com o fim desta geração, o Brasil apresenta já um conjunto de jovens jogadores capazes de competir, mais uma vez, pelo título mundial em 2010. A base dessa equipa poderá ser formada por Kaká e Ronaldinho Gaúcho, os lideres desta geração. Assim como por jogadores que já este ano mereceram a confiança do seleccionador Parreira, como são os casos de Júlio César, Juan, Luisão, Robinho, Fred, Cicinho e Adriano.

O 'adeus' de Ronaldo

Ronaldo completará 30 anos em Setembro. Em declarações à imprensa e aos amigos, disse que "dificilmente" participará de novo num mundial . Seria a sua quinta presença e igualaria a marca do alemão Lothar Matthaus. Ronaldo foi suplente em 1994 e jogou em 98, 2002 e 2006 . Embora ainda seja relativamente jovem para o futebol , a sua forma física não é das melhores. Já passou por algumas cirurgias aos joelhos e diversas contusões musculares. E tem clara tendência para engordar. De qualquer maneira, despede-se do mais importante evento desportivo do mundo como vitorioso. Na Alemanha, alcançou o recorde de golos na história da competição. Obteve três - dois contra o Japão e um ante o Gana -, chegou a 15 e ultrapassou o alemão Gerd Müller.

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