Camisolas amarelas 'encalhadas' no Brasil
A inesperada exclusão do campeão do mundo de futebol da meia-final na Alemanha 2006 gerou muitos efeitos no Brasil. Críticas - centradas nos laterais Cafu e Roberto Carlos, em Ronaldinho Gaúcho e no técnico Carlos Alberto Parreira - e efeitos económicos.
A Associação Comercial do Rio estima em 300 mil o total de camisolas "encalhadas" no Estado do Rio de Janeiro - o que faz prever que, em todo o Brasil, o total de camisolas em armazém supere dois milhões. Quan to às bandeiras, os comerciantes vão aguardar o dia nacional - 7 de Setembro - para tentar a revenda.
A publicidade estava totalmente concentrada no Mundial e isso provocou decisões de última hora: retirada dos anúncios desportivos, trocando-os por publicidade comum. A cerveja Brahma/Ambev foi o anunciante que reagiu mais depressa. Retirou anúncio de exaltação aos jogadores e colocou no ar o cantor Zeca Pagodinho a lamentar a derrota. A campanha mais cara dos últimos tempos foi a do banco espanhol Santander Banespa. Estima-se que essa entidade bancária aplicou nada menos do que cem milhões de dólares, para destacar seis jogadores: Cafu, Ro berto Carlos, os dois "ronaldinhos" - Gaúcho e Nazáreo - Kaká e Robinho. Um jornal mostrou um em pregado a retirar as fotos dos jogadores da fachada de uma agência e os anúncios de televisão e de rua estão a ser substituídos por outro slogan. Por estes dias, os jogadores da selecção "canarinha" não são bons de venda.
Quem errou foi a empresa de cartões Mastercard. Publicou um anúncio com fotos de jogadores da Argentina - o eterno rival do Brasil - a chorar pela desclassificação. Ocorre que, 24 horas depois, o Brasil seguia o mesmo caminho. O anúncio teve de ser retirado à pressa.
Mas os jogadores e técnicos também saem prejudicados. Além de perder valor em publicidade e luvas, ficam sem o prémio da vitória. Se a Confederação Brasileira de Futebol pagasse a cada um o valor prometido (cerca de 145 mil euros por pessoa), eles deixavam de trazer a taça e 4,077 mil milhões de euros.