O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) quer concluir em três meses o processo negocial que hoje se inicia com a ANTRAM (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias). As duas partes sentam-se nesta segunda-feira à mesa, no arranque das negociações que ficaram estabelecidas num protocolo assinado a 18 de abril, sob mediação do governo - e que então pôs fim a três dias de uma greve que ameaçava paralisar o país.."Não pretendemos que estas negociações se prolonguem por muito tempo", diz ao DN Francisco São Bento, presidente do SNMMP, que diz esperar que a reunião desta tarde traga já resultados. "Nós vamos com a ideia de já deixar bastantes situações resolvidas neste primeiro dia", acrescenta o sindicalista, estabelecendo um prazo para o processo: "Apesar de o protocolo prever que as negociações possam estender-se até finais de dezembro, não pretendemos que se prolonguem por muito tempo. Vamos trabalhar para que tudo se resolva nos próximos três meses, no máximo.".O SNMMP leva já para a reunião desta segunda-feira uma proposta de contrato coletivo de trabalho horizontal (o nome dado aos contratos celebrados por associações sindicais que representem uma categoria específica de um setor de atividade ou de uma empresa)..A lista de reivindicações dos motoristas de matérias perigosas está definida - o reconhecimento da categoria profissional de motoristas de matérias perigosas; uma remuneração equivalente a dois salários mínimos nacionais, indexada aos aumentos que este venha a ter no futuro; o reconhecimento como profissão de desgaste rápido, com redução gradual da idade da reforma; e a realização de exames médicos específicos, de carácter anual, a estes motoristas..Francisco São Bento diz ter "expectativas bastante positivas" para as negociações que, acredita, vão decorrer no mesmo ambiente de "cordialidade" das conversações que ditaram o fim da greve, a 18 de abril..E se as coisas não correrem bem? O sindicalista reitera que "as expectativas estão altas" - "a adesão à greve surpreendeu-nos até a nós próprios, sindicato. Houve uma adesão de 100% dos trabalhadores, penso que a mensagem é clara: algo está errado e algo tem de mudar". ."Temos a expectativa de que as próprias entidades patronais tenham a noção de que esta mudança tem de ser efetuada. As próprias empresas queixam-se de falta de profissionais no setor e isso deve-se a ter deixado de ser uma profissão atrativa, pelas condições pecuniárias, as condições de trabalho, o excesso de carga horária...", argumenta o sindicalista..Cenário de greve afastado durante as negociações.A reunião, agendada para as 15.00, vai decorrer nas instalações do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, junto ao Campo Pequeno, em Lisboa, e contará com a presença de um mediador designado pelo governo, como ficou definido no protocolo firmado há cerca de dez dias. O Ministério das Infraestruturas e da Habitação, liderado por Pedro Nuno Santos, não divulgou quem será este mediador, adiantando apenas que não será o próprio ministro..De acordo com o texto do protocolo firmado entre o SNMMP e a ANTRAM, este mediador do executivo terá por missão "conduzir as negociações e atuar de forma a promover o acordo das partes". No documento, o governo compromete-se também a atuar de "forma a garantir que os respetivos serviços intensificarão a atividade de acompanhamento do setor"..Já o SNMMP e a ANTRAM assumem o compromisso de manter um "clima de diálogo e paz social", mantendo o "diálogo como forma de resolução de diferendos ou divergências até ao fim das negociações". O que implica abstraírem-se de "outras formas de pressão, nomeadamente greves ou outras formas que possam pôr em causa a satisfação de necessidades sociais impreteríveis".