Bruxelas antecipa tombo de 6,8 % na economia portuguesa em 2020
A Comissão Europeia prevê a contração de todas as economias da UE, mas a queda abrupta deverá ser compensada com crescimento já no próximo ano.
No boletim macroeconómico da primavera, a Comissão Europeia antecipa um cenário sem precedentes com todas as economias em recessão, com um impacto muito superior ao da crise económica que se iniciou em 2008.
A crise provocada pela pandemia obrigará a economia portuguesa a contrair-se em 6,8%, de acordo com a estimativa de Bruxelas, que traça um cenário para Portugal, ainda assim, menos negativo do que no resto da Europa, e especialmente na zona euro, onde a queda deverá atingir os 7,7%.
Bruxelas calcula que as contas públicas vão regressar a uma situação deficitária, de 6,5% do PIB, depois de ter registado um superavit no ano passado de 0,2 por cento. Mas, o crescimento no próximo ano colocará Portugal com um défice de 1,8% em 2021.
Se, por um lado, a Comissão agrava as estimativas do FMI, que antecipou uma contração de 7,5% na Zona Euro, por outro, melhora-as no que diz respeito a Portugal. Recorde-se que o FMI estimou uma quebra de 8% na economia portuguesa este ano.
Os piores cenários registar-se-ão em Itália, Espanha, Grécia e Croácia. Nestes quatro países o PIB vai encolher mais de 9%. No caso de Grécia a quebra aproximar-se-á mesmo dos dois dígitos, podendo rondar os 9,7%, se a previsão de Bruxelas se confirmar.
A Alemanha, frequentemente apontada como o motor da economia europeia, deverá enfrentar uma recessão este ano equivalente a 6,5% do PIB. A Polónia deverá ser o país menos atingido, ainda assim com uma quebra de 4,3 %.
Os especialistas de Bruxelas acreditam que 2021 já será um ano de retoma, com crescimentos que podem contar os 7,9%, no caso da Grécia, que sendo o país mais afetado este ano, será também o que mais cresce no próximo. Se as previsões se verificarem, o PIB português terá um crescimento de 5,8 por cento no próximo ano.
O investimento cai em todos os países, sendo a Irlanda com uma redução de 41,6 por cento e, mais uma vez a Grécia, os países onde mais se fará sentir a quebra. O investimento em Portugal deverá encolher 8,6%, recuperando no próximo ano, compensando a perda com um aumento do investimento de 8,9%.
Em Portugal, a tendência de criação de emprego será invertida, registando-se uma quebra na criação de emprego na ordem dos 3,4%, que será parcialmente recuperado em 2021, com um crescimento de 2,7%.
Assim, no final deste ano, 9,7% da força laboral portuguesa estaria inativa. Este indicador cairá para 7,4% no próximo ano, ainda assim, o número de desempregados será superior aos 6,5% registados no ano passado.
Na comparação com a zona euro, nota-se que média virá a ser muito afetada pelas reduções de 8,7% em Espanha, 9,1% em França e 7,5% em Itália. A recuperação em Itália e Espanha será mais lenta. Mas em França, Bruxelas estima que o mercado de trabalho voltará rapidamente a crescer (10%) em 2021.
Portugal chegará ao final deste ano com uma dívida pública superior ao pico registado durante o resgate, pico atingido em 2016, de 131,5% do PIB. Este ano deverá atingir os 131,6% do PIB.