A tarifa solidária para o gás de garrafa vai finalmente avançar para mais de 780 mil famílias economicamente vulneráveis. Neste momento, a grande maioria dos portugueses (cerca de 75%) ainda são obrigados a recorrer ao gás de petróleo liquefeito (GPL) engarrafado, "cujos preços são excessivamente altos, quando comparados com os preços praticados em Espanha", constata a portaria publicada nesta quarta-feira em Diário da República, à qual o DN/Dinheiro Vivo teve acesso..De acordo com as contas já feitas pelo governo (com valores referentes a 28 de agosto de 2018), o preço da garrafa de gás, depois de aplicada a tarifa solidária prevista no projeto-piloto que agora arranca, será então de 18,33 euros (butano 12,5 kg) e 17,04 euros (propano 11 kg). Cada beneficiário terá direito, no máximo, a duas garrafas de gás por mês, a preço solidário, sendo certo que nas famílias com mais de quatro pessoas o limite sobe para três botijas..Dados da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC), fornecidos pelos operadores, mostram que os preços do gás de garrafa são mais altos em Setúbal, Faro e Coimbra, sendo também nestes distritos que a poupança para as famílias com a tarifa solidária será maior. A maior queda nos preços surge no gás butano em Setúbal: menos 16,10 euros por garrafa..Tal como o secretário de Estado da Energia, Seguro Sanches, já tinha confirmado ao DN/Dinheiro Vivo, esta diferença nos preços por botija (calculada entre um mínimo de 3,52 e um máximo de 16,10 euros) será suportada pelas empresas comercializadoras de gás de garrafa que decidam participar no projeto-piloto agora criado e que terá a duração de um ano. Ou seja, antes de se estender a todo o país (o que só deverá acontecer em 2020 ou 2021), a tarifa solidária para o gás engarrafado será testada ao longo de 12 meses "num número limitado de municípios do continente", refere a portaria publicada hoje que aprova a criação do referido projeto-piloto, com assinatura dos secretários de Estado da Energia e das Autarquias Locais..Com o convite à participação estendido pelo governo a todos os "operadores de mercado titulares de marca própria", já no que diz respeito aos municípios serão apenas dez os escolhidos para testar a venda de gás a preços mais baixos. Será dada prioridade aos concelhos do interior, sem gás natural, muitas aldeias e população envelhecida..O próximo passo agora é precisamente definir a lista de municípios participantes ("em função da sua distribuição territorial e relevância social da aplicação da tarifa solidária") e abrir o concurso às empresas, que terão 60 dias para manifestar o seu interesse. Contactadas pelo DN/Dinheiro Vivo, Cepsa, Galp e Rubis não quiseram comentar, remetendo as suas declarações de interesse para depois da leitura da portaria..Antes de o projeto-piloto chegar ao terreno, os municípios e as empresas terão ainda de celebrar protocolos para a venda das garrafas de gás a preços solidários em locais próprios e exclusivos, definidos pelas autarquias..Quanto vai custar?.As contas do governo mostram que a botija solidária vai custar entre 17,04 e 18,33 euros, em linha com as estimativas avançadas pela Cepsa em maio. Antes disso, fonte do governo chegou a avançar um valor máximo de 15 euros..Quem pode comprar?.A portaria refere que são elegíveis as pessoas singulares em situação de carência socioeconómica, ou os beneficiários da tarifa social de fornecimento de energia elétrica, que ascende a 787 mil famílias..Quem vai vender?.Os municípios e as empresas celebram um protocolo. Cabe às autarquias definir um espaço próprio e exclusivo para a venda da garrafa solidária apenas aos beneficiários da mesma, para evitar fraudes..Municípios e empresas.Coimbra é um dos municípios, entre outros do interior do país, que já demonstraram interesse em ter esta tarifa solidária para o gás de garrafa. Quanto às empresas, Cepsa e Rubis estão na corrida, para já.