Boris Johnson defende assessor que violou regras de confinamento

Dominic Cummings agiu "de forma íntegra", afirmou o primeiro-ministro britânico, tentando esvaziar a polémica. Escolas primárias reabrem no dia 1 de junho.
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Boris Johnson deu o peito às balas e decidiu manter o seu assessor e mentor Dominic Cummings. O primeiro-ministro britânico estava sob pressão crescente para demitir o assessor Dominic Cummings após alegações de que tinha violado as regras de confinamento do coronavírus por duas vezes.

"A pergunta do dia é: está o governo a pedir uma coisa e outro a fazer outra? Temos pedido para fazer sacrifícios enquanto outros desrespeitam as regras?", começou Johnson por dizer na conferência de imprensa que presidiu sobre o coronavírus.

"Posso dizer hoje que mantive longas conversas com Dominic Cummings. Ele e a mulher estavam com o coronavírus e seguiram os instintos enquanto pais. Acredito que atuou de forma responsável, legal e com integridade", afirmou, num claro sinal de confiança para com o assessor.

Questionado pelos jornalistas porque uns têm de seguir regras e outros seguir instintos, Boris Johnson repetiu que o comportamento de Cummings nada teve de repreensível.

Cummings foi visto com o seu filho perto da casa dos pais em Durham, no nordeste de Inglaterra, a 400 quilómetros da sua casa em Londres, no dia 31 de março, um dia depois do próprio ter relatado sintomas da doença.

O Observer e o Sunday Mirror relataram que ele tinha quebrado novamente as restrições de isolamento e foi visto em Durham uma segunda vez em 19 de abril, dias depois de ter retornado ao trabalho em Londres, após sua primeira viagem ao norte.

Uma testemunha disse aos jornais que Cummings também foi visto na cidade de Barnard Castle, a 30 quilómetros de Durham, no dia 12 de abril.

O facto de Cummings se ter deslocado a Downing Street hoje e de Johnson ter mudado os planos e participado na conferência de imprensa aumentou a especulação de que o conselheiro estava de saída.

O governo britânico rejeitara até agora os apelos para demitir Dominic Cummings depois de ter viajado pelo país com a sua mulher enquanto ela sofria de sintomas da doença, quando o conselho oficial era para ficar em casa.

Cummings negou as acusações, tendo Downing Street respondido no sábado que "não perderia tempo" a responder aos "jornais militantes".

De acordo com as regras de isolamento introduzidas em 23 de março, qualquer pessoa com sintomas deve autoisolar-se nas suas casas. E as pessoas com mais de 70 anos - como os pais de Cummings - não estão autorizadas a receber visitas.

Downing Street disse que as suas ações estavam dentro das diretrizes porque ele e a sua mulher estavam a salvaguardar o filho no caso de ambos ficarem doentes demais para cuidar dele.

A oposição não demorou a reagir. O ministro sombra da Saúde, Jonathan Ashworth, escreveu: "Boris Johnson confirma que há uma regra para seus amigos de elite, outra regra para o resto de nós."

A sua colega e nova vice-líder dos trabalhistas, Angela Rayner, também não ficou convencida, ao dizer que Johnson "destruiu totalmente" as mensagens de saúde pública sobre o coronavírus, dizendo que agora as pessoas "não voltam a levá-las a sério", apelidando o comportamento de "vergonhoso".

Escolas reabrem no dia 1 de junho

A outra novidade é a data de reabertura de escolas. No primeiro dia de junho reabrem as escolas primárias. No dia 15 reabrem as escolas secundárias, nas quais os alunos do 10.º e do 12.º anos regressam às aulas. No entanto, o líder conservador reconheceu que não será possível abrir todas as escolas. "Reconheço que a abertura em 1 de junho poderá não ser possível para todas as escolas, mas o governo continuará a apoiar o setor", disse.

"Ao abrir as escolas a mais alunos desta forma limitada, estamos a dar um passo deliberadamente cauteloso", comentou.

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