Em dezembro de 2017, a Raríssimas foi notícia por alegadas irregularidades na gestão, o que levou ao afastamento da então presidente, Paula Costa e Brito, que é a única arguida na investigação do Ministério Público..Os problemas da direção de Paula Brito e Costa foram denunciados em reportagens da TVI. Em causa, o alegado uso do dinheiro da instituição em proveito próprio. E também o marido e o filho trabalhavam na Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras..Factos que o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa começou logo a investigar, sem que, no entanto, mais de um ano depois, se tenha chegado a conclusões. Essa é a razão pela qual a Procuradoria-Geral da República não fala sobre o processo, já que "está em segredo de justiça". Apenas refere que "tem uma arguida constituída"..A inspeção criminal esteve a cargo da Unidade de Combate à Corrupção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. As buscas à associação, a 21 de dezembro de 2017, resultaram na apreensão de 293 conjuntos de documentos, incluindo toda a parte contabilística dos anos 2012 a 2017..A direção que veio substituir a de Paula Brito e Costa abriu as portas da Raríssimas logo que tomou posse, em janeiro de 2018. Agora, não fala: "Neste momento, e enquanto não for encerrada a auditoria financeira aos números de 2017, não será possível dar entrevistas ou agendar reportagens." Esperam que esse processo esteja concluído em abril..Ex-presidente e família despedidos.Quanto a Paula Brito e Costa "foi despedida com justa causa e os seus familiares também deixaram de pertencer aos quadros da Raríssimas. Nenhum deles aufere qualquer remuneração"..O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) remete para as conclusões da Inspeção-Geral, que instaurou um processo a 11 de dezembro "com carácter de urgência", tendo analisado os apoios financeiros estatais concedidos à Raríssimas. O processo ficou concluído em outubro e as conclusões foram divulgadas em novembro..Não houve "evidência que das intervenções dos vários serviços e organismos estatais tenha resultado a identificação prévia das situações que vieram a ser expostas publicamente", como "a utilização supostamente danosa, por parte da presidente da instituição, de subsídios atribuídos por várias entidades públicas, nomeadamente pelos organismos do MTSSS". Neste capítulo, o assunto está encerrado para o governo..O financiamento da Raríssimas vem do Estado, através de acordos com a Segurança Social pelos trabalhos prestados na saúde e de assistência social, das consultas, terapias e outros serviços privados, e também dos mecenas. O apoio de particulares ressentiu-se com as denúncias públicas.."O mais difícil é o trabalho para recuperar a confiança e que ficou abalada com a investigação à anterior direção e tudo o que apareceu na comunicação social", explicava há foium ano ao DN Margarida Laygue, a atual presidente da direção..Há um ano era esta a ocupação da Raríssimas: uma média de 150 utentes, quase tantos como o número de funcionários - 130..O lar residencial tinha 24 utentes - é extensa a lista de espera -, quatro deles em quartos individuais, os restantes em duplos. Pessoas entre os 16 e os 40 anos, muito mais do sexo masculino do que feminino.A Unidade de Cuidados Continuados Integrados tinha 39 camas: dez em convalescença, 19 em média duração e reabilitação e dez em longa duração e manutenção. Serviços que entram na rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, cuja gestão é feita pela Segurança Social. A unidade de longa duração serve prioritariamente quem sofre de uma doença rara, já as outras duas valências dependem das necessidades do país.