BCE confirma subida das taxas de juro em julho e fim das compras de ativos
O Banco Central Europeu (BCE) manteve esta quinta-feira as taxas de juro, mas anunciou que as compras líquidas de ativos ao abrigo do programa APP terminam em julho, mês no qual avança com uma subida de 0,25 pontos percentuais base nas taxas de referência de juro para controlar a inflação - não subiam há 11 anos.
De acordo com o comunicado divulgado após o fim da reunião de política monetária, a instituição presidida por Christine Lagarde anunciou que decidiu manter a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito em 0,00%, 0,25% e -0,50%, respetivamente.
No entanto, confirmou a expectativa de que as aquisições líquidas de ativos ao abrigo do seu programa de compra de ativos (Asset Purchase Programme -- APP) sejam concluídas a partir de 1 de julho e anunciou que irá aumentar a taxa de juro diretora em 0,25% na reunião de julho.
Em comunicado, o BCE explica que pretende continuar a reinvestir, na íntegra, os pagamentos de capital de títulos a vencer adquiridos ao abrigo do APP por um período de tempo alargado após a data em que começa a aumentar as taxas de juro diretoras e, em qualquer caso, pelo tempo necessário para manter amplas condições de liquidez e uma orientação de política monetária adequada.
No que respeita ao programa de compra de emergência pandémica (PEPP), o Conselho do BCE pretende reinvestir os pagamentos de capital dos títulos com vencimento adquiridos ao abrigo do programa até pelo menos o final de 2024.
Além da decisão do fim da compra de ativos, o BCE detalha que fez "uma análise cuidadosa das condições que, de acordo com as suas orientações futuras, deverão ser satisfeitas antes de começar a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE", considerando que as "condições estavam preenchidas".
"Assim, e em linha com a sequência de política do Conselho do BCE, o Conselho do BCE pretende aumentar as taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base na sua reunião de política monetária de julho", informa, sinalizando ainda esperar voltar a aumentar as taxas de juro diretoras em setembro.
"A calibração desse aumento da taxa dependerá da atualização das perspetivas de inflação de médio prazo. Se a perspetiva de inflação no médio prazo persistir ou se deteriorar, um incremento maior será apropriado na reunião de setembro", disse.
O BCE sublinha que, depois de setembro, com base na avaliação atual, antecipa que "será adequada uma trajetória gradual, mas sustentada de novos aumentos das taxas de juro".
"Em linha com o compromisso do Conselho do BCE com a sua meta de médio prazo de 2%, o ritmo a que o Conselho do BCE ajusta a sua política monetária dependerá dos dados recebidos e da forma como avalia a evolução da inflação a médio prazo", vinca.
O Conselho do BCE garante também que continuará a acompanhar as condições de financiamento dos bancos e a assegurar que o vencimento das operações da terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionado (TLTRO III) não prejudica a transmissão harmoniosa da sua política monetária, sinalizando que irá também avaliar regularmente a forma como as operações de crédito direcionadas estão a contribuir para a orientação da sua política monetária.
Conforme anunciado anteriormente, as condições especiais aplicáveis ao abrigo do TLTRO III irão terminar em 23 de junho de 2022.
O BCE garante também que, "em condições de 'stress', a flexibilidade continuará a ser um elemento da política monetária sempre que ameaças à transmissão da política monetária comprometam a obtenção da estabilidade de preços".
O BCE, entretanto, cortou as projeções de crescimento económico da zona euro para 2,8% este ano e 2,1% em 2023 e subiu as de inflação para 6,8% este ano, antes de cair para 3,5% em 2023, foi hoje divulgado.
Num comunicado divulgado após a reunião do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), a instituição assinala que a guerra na Ucrânia "continua a pesar na economia", com impacto na confiança e a travar o crescimento no curto prazo.
No entanto, acredita que "estão reunidas as condições para que a economia continue a crescer" devido à reabertura da economia, um mercado de trabalho forte, apoios orçamentais e poupanças acumuladas durante a pandemia.
No comunicado no qual sinaliza que acredita estarem reunidas as condições necessárias para a subida das taxas de juro em julho, o BCE indica esperar que as pressões descendentes diminuam e a atividade económica recupere novamente.
Desta forma, informa que os técnicos da instituição preveem agora um crescimento anual real do PIB de 2,8% em 2022, 2,1% em 2023 e em 2024.
Em comparação com as projeções de março, as perspetivas foram revistas em baixa para 2022 e 2023 (antes previa uma expansão do PIB de 3,7% e de 2,8%, respetivamente), enquanto para 2024 foram revistas em alta, já que estimava um crescimento de 1,6%.
No que toca à inflação, estima agora uma taxa anual de 6,8% em 2022, recuando para 3,5% em 2023 e 2,1% em 2024, perspetivas superiores às divulgadas em março (quanto antes previa 5,1% em 2022, 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024).
"Isto significa que a inflação global no final do horizonte de projeção deverá situar-se ligeiramente acima do objetivo do Conselho do BCE", admite, salientando que a inflação excluindo energia e alimentos está projetada para uma média de 3,3% em 2022, 2,8% em 2023 e 2,3% em 2024, também acima das projeções de março.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) afirmou que a inflação está "indesejavelmente alta", admitindo que deverá continuar acima da meta durante algum tempo, pelo que a instituição decidiu dar os primeiros passos na normalização da política monetária.
"A inflação está indesejavelmente alta e deverá permanecer acima da nossa meta durante algum tempo. Garantiremos que a inflação retorne à meta de 2% no médio prazo", disse hoje a presidente do BCE, Christine Lagarde, durante a conferência de imprensa, após a reunião de política monetária do conselho de governadores da zona euro.
A responsável do banco central realçou que as pressões inflacionistas se ampliaram e se intensificaram, com os preços de muitos bens e serviços a aumentarem fortemente, destacando que as projeções divulgadas hoje pelo BCE indicam que a inflação irá continuar indesejavelmente elevada durante algum tempo.
O BCE reviu em alta as projeções de inflação para 6,8% este ano, antes de cair para 3,5% em 2023, acima dos 5,1% em 2022 e 2,1% em 2023 previstos em março.
Lagarde explicou que desta forma a instituição decidiu "dar novos passos na normalização de política monetária", reforçando que a calibração da política monetária irá continuar dependente de dados e irá refletir a avaliação das perspetivas em evolução.
"Estamos prontos para ajustar todos os nossos instrumentos dentro de nosso mandato, incorporando flexibilidade, se necessário, para garantir que a inflação se estabilize na nossa meta de 2% no médio prazo", disse.
O BCE manteve hoje as taxas de juro, mas anunciou que irá subir a taxa diretora em 25 pontos base na reunião de julho, mês no qual termina a partir de dia 01 a compra de ativos.
"A agressão injustificada da Rússia à Ucrânia está a afetar gravemente a economia da zona euro e as perspetivas ainda são rodeadas por alta incerteza. Mas estão reunidas as condições para que a economia continue a crescer e a recuperar ainda mais no médio prazo", disse.