Banca cortou 1249 empregos e 212 balcões até junho
A banca em Portugal continuou em dieta nos primeiros seis meses do ano, contabilizando-se o corte de 1249 postos de trabalho entre janeiro e junho. Já em comparação com o mesmo mês de 2015, a dieta atingiu os 2921 empregos. Estes valores não incluem os números anunciados depois de junho, como a saída de 295 quadros do Banco Popular até final do ano.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) divulgou no início deste mês o mais recente boletim estatístico, atualizado a junho de 2016, permitindo fazer o ponto de situação ao andamento da reestruturação geral do setor bancário pelo cruzamento com os valores anteriormente divulgados pela APB, relativos a dezembro. Se os cortes nos recursos humanos afetaram 1249 pessoas, ao nível de balcões avançaram mais 212 encerramentos até junho deste ano.
Os dados da APB mostram que em junho contavam-se 46 601 trabalhadores bancários em Portugal, espalhados por 4706 agências bancárias. Os números não contabilizam os dados referentes à Credibom, que não entrava nas estatísticas em 2015, incluindo todavia os relativos ao Barclays, que em junho contava ainda com 126 trabalhadores em Portugal - note--se, porém, que o Bankinter, que comprou o Barclays, não está incluído nas estatísticas da APB.
Parte da dieta registada nos primeiros seis meses do ano acaba por chegar por esta via: os dados mostram um corte de 952 trabalhadores no Barclays no semestre que, sem dados sobre o Bankinter, acabam por não ser "compensados". Por outro lado, há também casos de aumento de trabalhadores que, apesar de não corresponderem a novas contratações, antes não eram contabilizados.
CGD: mais 278 quadros até junho
Falamos do caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que passou de 8410 trabalhadores em dezembro para 8683 em junho - não tendo, porém, avançado com contratações em massa.
Contactada pelo DN/Dinheiro Vivo, fonte oficial do banco público explicou que no primeiro semestre a CGD avançou com "a criação da DSI - Direção de Sistemas de Informação", o que levou à "passagem de 278 empregados" antes no Agrupamento Complementar de Empresa para esta DSI, "aumentando o universo em causa". A mesma fonte esclareceu que, apesar deste aumento no total de trabalhadores reconhecidos nas contas, a alteração "não tem impacto nos custos, considerando o encontro de contas".
Sem esta subida de 278 trabalhadores na CGD, os cortes globais do setor bancário no semestre teriam superado os 1500.
Em termos individuais, destaque sobretudo para o Novo Banco e Montepio Geral, que persistem em ritmos elevados de reestruturação. O negócio bancário da instituição que resultou do colapso do BES chegou ao final de 2015 com 5449 trabalhadores, valor que compara com os 4989 contabilizados em junho último. Já o Montepio Geral, que recentemente chegou a acordo com os sindicatos para trocar o fim de mais saídas pelo congelamento de salários, caiu de um total de 3852 colaboradores para 3628 no final de junho último.
O ajustamento pós-absorção do Banif pelo Santander é outro dos sintomas que as estatísticas continuam a evidenciar: o quadro de pessoal do Totta perdeu 111 trabalhadores só no primeiro semestre deste ano, tendo também o Millennium BCP prosseguido os cortes: chegou a junho com menos 58 colaboradores.
Numa perspetiva de longo prazo, desde 2011, altura da sua maior dimensão, e até junho deste ano, a banca já cortou perto de 10 500 empregos e 1600 balcões.