Baixa dos combustíveis não trava queda de vendas

Vendas de produtos petrolíferos caíram 3,4% no trimestre.<br />
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Até Setembro, o preço médio de gasolina caiu 8% desde meados de Julho, enquanto o do gasóleo sofreu uma queda de 11%. Apesar da descida de preços, o volume de vendas continua em baixa. A crise económica está a retirar automobilistas da estrada, revela a Brisa.


A descida do preço dos combustíveis rodoviários desde meados de Julho não travou a queda nas vendas. Os dados relativos ao terceiro trimestre da petrolífera Galp apontam mesmo para um agravamento no recuo da procura entre Julho e final de Setembro, não obstante nesse período os preços finais terem caído 16 cêntimos no diesel e 12 cêntimos na gasolina, 11% e 8%, respectivamente.

Para a Galp, que é a maior operadora no mercado, as vendas de gasolina afundaram 7,5% face ao terceiro trimestre de 2007, enquanto no gasóleo a quebra foi de 2,5%. No total, as vendas de produtos petrolíferos caíram 3,4%, quando no trimestre anterior tinham recuado 2,4%. O diesel foi o combustível onde se notou um maior agravamento, já que na gasolina até se sentiu uma ligeira recuperação face ao trimestre anterior.

Em Espanha, onde até há pouco tempo o mercado tinha conseguido manter as quantidades beneficiando também da procura dos condutores portugueses, o cenário foi ainda mais desolador. No terceiro trimestre, as vendas de gasolina caíram 8,2%, face a igual período do ano passado. A procura de gasóleo desceu 5%, indicadores que reflectem o brutal arrefecimento da economia espanhola.

O secretário-geral da APETRO (associação das empresas petrolíferas) confirma o agravamento da recessão no retalho dos combustíveis em Portugal que, diz José Horta, não está, para já, a reagir à descida dos preços. Esta realidade é ainda reforçada pelos dados de tráfego da Brisa para o mesmo período.

O movimento nas auto-estradas da maior concessionária nacional caiu mais de 4% no terceiro trimestre, considerando a rede comparável, a pior performance deste ano. Uma das explicações passa pelo facto de a descida de preços se ter feito sentir de forma mais expressiva no final do trimestre, após várias pressões públicas, entre as quais do Governo.

Mas para o responsável da APETRO a escalada dos combustíveis terá mesmo provocado uma mudança de comportamento dos consumidores, já que os dados disponíveis para Outubro também não apontam para uma recuperação nas vendas. Já a Brisa, de acordo com as expectativas apresentadas há uma semana aos investidores, espera que o tráfego recupere a partir de 2009 com a baixa dos preços.

José Horta admite ainda que as petrolíferas como a Galp, e que controlam mais de 80% do retalho, estão a ser mais penalizadas que o mercado em geral com a fuga de abastecimentos para as grandes superfícies que já terão vendas anuais na casa dos 600 milhões de litros. As petrolíferas tradicionais continuam debaixo de fogo da opinião pública e de responsáveis políticos, que as acusam de não baixarem os preços à mesma velocidade que os sobem.

8%

É a descida registada no preço médio da gasolina entre Julho e Setembro, ou seja, 12 cêntimos.

11%

Foi a queda do preço no litro de gasóleo entre Julho e Setembro, menos 16 cêntimos.

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