Azul, amarelo, um gato e um cão nas boas-festas aos americanos
A tradição começou em 1927 com Calvin Coolidge, mas até hoje os presidentes norte-americanos continuam a enviar postais de boas-festas aos americanos. Começaram por se destinar apenas aos funcionários da Casa Branca e suas famílias, mas os destinatários foram aumentando - dos membros do Congresso a líderes estrangeiros. Na semana passada, o DN ofereceu um postal de Natal de Franklin Roosevelt, um de John F. Kennedy e outro de Richard Nixon. Todos eles se distinguiam por uma simplicidade que contrasta com os postais desta semana - de Ronald Reagan, George H. W. Bush e Bill Clinton - cheios de cor e focados na imagem da Casa Branca.
Apesar de em 1981, por razões de segurança, depois de ter escapado em março a uma tentativa de assassínio, Reagan ter ligado as luzes da árvore de Natal da Casa Branca por controlo remoto a partir da East Room, o presidente não deixou de cumprir a outra tradição presidencial - enviar postais de boas-festas aos americanos. No seu primeiro ano no cargo, Reagan e a mulher, Nancy, decidiram encomendar uma pintura a Jamie Wyeth, o neto de N. C. Wyeth, o artista que pintara um dos postais de Nixon.
Já o postal de 1985, disponível com o DN de amanhã, foi obra de Thomas William Jones e mostra a Blue Room (Sala Azul) da Casa Branca, com a luz a entrar pelas duas janelas, dando destaque às decorações natalícias por cima da lareira e em cima da mesa no centro da divisão. Os 125 mil postais enviados nesse ano custaram 27 mil dólares. Os Reagan gostaram tanto do trabalho de Jones que lhe encomendaram os quadros para os postais dos três anos seguintes.
Sucessor de Reagan na Casa Branca, George H. W. Bush decidiu em 1991 convidar o velho amigo Kamil Kubik para recriar o espírito de Natal na Casa Branca. Nascido na então Checoslováquia, Kubik imigrou para a América em 1948 para escapar ao regime comunista no seu país. O seu quadro da azáfama em torno da árvore de Natal da Casa Branca no momento em que esta é iluminada, com a residência do presidente em fundo, recortada sobre um céu de fim de dia e rodeada de uma paisagem com neve acabou por ser escolhido pelo presidente e pela primeira-dama para ilustrar os postais de 1992.
"Foi uma grande honra", disse mais tarde Kubik, recordando que "durante a Segunda Guerra Mundial, escapei dos comunistas e encontrei refúgio no exército americano... o presidente, como comandante-chefe, é o anjo-da-guarda [do mundo civilizado]. Daria tudo para poder fazer algo por ele". Foram feitas 185 mil cópias deste postal presidencial.
Este foi o último postal de Bush pai na presidência, tendo sido derrotado por Bill Clinton nas presidenciais de novembro e cumprindo apenas um mandato. No seu primeiro Natal na Casa Branca, o ex-governador do Arkansas optou por uma fotografia sua com a primeira-dama, Hillary Clinton, para ilustrar o postal de boas-festas. Mas em 2000, no último dos seus oito anos de presidência, preferiu voltar a recorrer a Ray Ellis, um pintor que conhecera na ilha de Martha"s Vineyard, onde o casal presidencial costumava passar férias.
Ellis optou por retratar a Yellow Room (a Sala Amarela), com a árvore de Natal. Pela janela pode ver-se o Monumento a Washington, o obelisco que faz frente ao Capitólio, na extremidade oposta do Mall, em Washington. A pedido da primeira-dama, Ellis incluiu ainda Socks e Buddy, o gato e o cão dos Clinton, à frente da mesa. Se para Buddy era uma estreia, Socks já surgira no postal de 1994.
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