Autarca é dono de um dos maiores roseirais do mundo

Uma das mais importantes colecções de rosas de jardim do mundo está no norte da ilha da Madeira, na freguesia do Arco de São Jorge, e é uma das paixões do presidente da Câmara do Funchal.
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Mais conhecido no estrangeiro que em Portugal, aquele roseiral, situado no concelho de Santana, com mais de 17 mil exemplares de rosas contrasta com o verde das montanhas.

A Quinta do Arco é um autêntico "paraíso" que delicia os muitos visitantes.    

Miguel Albuquerque, o autarca que está à frente do maior município desta Região Autónoma é o proprietário daquele roseiral e contou à agência Lusa que o gosto pela botânica é "uma tradição de família", transmitida por um bisavô que o levou a dedicar-se desde cedo à colecção de plantas exóticas e roseiras antigas de jardim.

    "Quando fiquei com esta quinta fiz dois roseirais para expor a colecção e ao fim de uns anos concluí que tinha algum significado em termos de património e espécies de roseiras, daí decidi abrir este roseiral ao público", explica.

    Para Miguel Albuquerque, o "roseiral", tem a função de divulgar o património natural e botânico e faz parte do "Heritage Rose Committee", organismo que reúne perto de 20 dos principais coleccionadores de rosas do mundo.

    "Este roseiral está entre os maiores do mundo e a nível europeu é certamente um dos mais importantes", salienta, apontando que existe um na Alemanha, dois em Itália e outros dois em França.

"Ao nível de diversidade e preservação da espécie este roseiral tem uma função importante", opina, destacando que oferece aos visitantes uma imensa variedade e uma grande colecção de roseiras, desde as mais modernas e exuberantes aos exemplares considerados mais raros e bonitos, que têm valorizado este património a nível mundial.

    Miguel Albuquerque sublinha que "neste momento tem uma colecção de cerca de 30 roseiras que ainda não foram apresentadas publicamente, criadas ao longo dos últimos anos, através de métodos antigos".

Realça que algumas das variedades que criou na Madeira "já foram comercializadas, entre as quais as roseiras modernas, adequadas ao clima do nosso país, muito resistentes às doenças, que têm sido um sucesso".

E anuncia que "dentro de algum tempo pensa apresentar também uma colecção de roseiras portuguesas, pois a última foi a do viveiro de Moreira da Silva, nos anos 30/40 que desapareceram, infelizmente".

O autarca funchalense fala ainda do projecto em curso que visa divulgar em todos os jardins do mundo um conjunto de roseiras existentes nos jardins públicos e privados dos países de Leste, descobertas sobretudo depois da queda do Muro de Berlim, de produtores do século XIX, que estavam dadas como extintas e que fazem agora parte da colecção madeirense.

O presidente do município da capital madeirense, um advogado que também cultiva rosas e toca piano, sustenta ser necessário ter um conjunto de actividades complementares à função profissional, porque "só assim temos hipóteses de ser mais felizes".

Miguel Albuquerque que conhece cada uma das histórias dos pés de rosa plantados e os seus cheiros considera ser "possível e importante que o jardim ficasse na família", visto que neste momento "já extravasa o seu próprio património".

    Quanto a projectos futuros para o roseiral, menciona que gostava de poder ampliar o espaço, "mas é difícil, pois dispõe de mais de 17 mil espécies de roseiras".

    Entre roseiras de todos os tamanhos e cores, espalhadas por diferentes canteiros, "baptizadas" de forma diferenciada pelo seu período e origem há também algumas raridades.

    Por exemplo, além das rosas romanas de antes da era cristã, num recanto de um dos canteiros há uma rosa que foi trazida para o arquipélago pelo imperador da Áustria que morreu no exílio na Madeira, cuja poda foi feita no dia em que Carlos de Habsburgo faleceu, na freguesia do Monte, no Funchal.

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