Austrália pede às nações do Pacífico que rejeitem acordos de segurança com a China

O governo australiano pediu às nações insulares do Pacífico que considerem as "consequências" de um possível pacto de segurança com a China, refletindo as preocupações com as ambições de Pequim nesta região estratégica.
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"A segurança da região deve ser determinada pela região. Historicamente, tem sido esse o caso e acho que é algo positivo", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, durante uma visita às Fiji, numa alusão aos acordos estabelecidos pelo Fórum das Ilhas do Pacífico.

As declarações de Wong surgem após a vinda a público, esta semana, de documentos que revelam a intenção da China de implementar um vasto plano de cooperação com países do Pacífico Sul, incluindo Timor-Leste, que inclui "segurança tradicional e não tradicional".

Este potencial acordo - que foi anunciado pouco antes da visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, à região - segue a assinatura de um pacto de segurança entre a China e as Ilhas Salomão, que em 2019 cortaram relações com Taiwan e passaram a reconhecer Pequim como o governo legítimo de toda a China.

O acordo com Honiara abre as portas para que as Ilhas Salomão peçam à China que envie forças de segurança, como faz com Austrália e Nova Zelândia. O pacto gerou receios, na Austrália e Nova Zelândia, de que Pequim estabeleça bases militares na região, o que seria a primeira de uma nação adversária desde a Segunda Guerra Mundial.

"Expressamos publicamente a nossa preocupação com o acordo de segurança assinado entre as Ilhas Salomão e a China. Acreditamos, como outras nações do Pacífico, que há consequências", disse Wong nas Fiji.

Wang Yi visita esta sexta-feira Kiribati, nação insular do Pacífico onde o futuro de uma vasta área de pesca está em jogo. A visita de quatro horas é a segunda paragem do ministro chinês, depois das Ilhas Salomão. O périplo inclui oito países. Wang também planeia visitar Samoa, Tonga, Vanuatu, Papua Nova Guiné e Timor-Leste.

"Temos que responder à tentativa da China de alargar a sua influência numa região do mundo onde a Austrália tem sido o parceiro de segurança preferido desde a Segunda Guerra Mundial", disse esta semana o novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, citado pela imprensa australiana.​​​​​

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