Aumentam as mortes provocadas pelo álcool
Em 2009, morreram 1214 pessoas com menos de 65 anos por doenças provocadas pelo consumo de álcool, deixando Portugal mais longe da meta estabelecida no Plano Nacional de Saúde, revela a última radiografia do problema em Portugal. O Norte e o Algarve foram as regiões do País que registaram as maiores subidas de casos fatais.
Os dados do Alto- -Comissariado da Saúde agora divulgados mostram que 1036 homens e 178 mulheres com menos de 65 anos não resistiram a doenças como as cirroses ou os problemas cardíacos atribuídos ao álcool. O que se traduz em 12,9% de mortalidade por 100 mil habitantes, revela o relatório.
Dados que ficam bem longe da meta traçada no Plano Nacional de Saúde para a mortalidade nesse ano era de 11,4 por 100 mil habitantes.
Este aumento torna-se ainda mais preocupante quando se faz a comparação com 2005 e 2006, anos em que a mortalidade registou os seus níveis mais baixos. Em 2005, a taxa ficou nos 11,9% e no ano seguinte em 11,1%. Em suma, em 2006, o álcool provocou a morte de 1020 pessoas, menos 194 que em 2009.
Os homens são os que apresentam a maior taxa de mortalidade, embora nas mulheres as mortes também tenham aumentado. Ainda assim, a diferença entre sexos é esmagadora. Os números também não são iguais no País. O Norte e o Algarve são as regiões onde a mortalidade mais subiu. Especialmente no Sul, onde em 2006 morreram 29 pessoas, ao passo que em 2009 foram 58.
Dados a que o Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) está atento. Até porque estes são os indicadores mais recentes e mostram que ainda há muito a fazer no combate ao alcoolismo. "Temos assistido nos últimos anos a uma diminuição significativa de substâncias ilícitas, mas em contrapartida a um aumento do consumo de álcool com um padrão de maior gravidade", admite ao DN João Goulão, presidente do IDT.
Apostar na educação é fundamental: "Especialmente junto dos jovens e dos pais e educadores para tentar diminuir os consumos mais precoces, que têm consequências físicas e mentais graves e com aumento do risco de dependência."
O responsável garante que o IDT está a fazer "esforços para que a situação se inverta nos próximos anos", lembrando que o consumo de droga é muito reprovado pelos pais, mas quando um filho chega a casa alcoolizado a situação é vista com naturalidade.
Portugal sempre esteve entre os grandes consumidores de bebidas alcoólicas. Mas ao contrário do que acontecia há uns anos, assiste-se a um aumento de cirroses entre os jovens.
"Portugal tem adoptado padrões de consumo comparáveis aos dos países nórdicos. O consumo tradicional era normalmente feito em contexto de convívio em distribuído pela semana. Agora, fazem consumos intensivos durante o fim-de-semana na perspectiva da embriaguez. Vemos jovens de 20 e 30 anos com cirroses, uma doença que era da idade adulta", salientou João Goulão.
Nas metas do plano para o combate ao consumo excessivo de álcool, traçado pelo Instituto "os jovens e as grávidas são os dois grupos privilegiados", sobre os quais as mensagens mais vão incidir, lembrou o presidente do IDT.