Audrey já foi homem, é craque de programação e vai ser ministra

Aos 12 anos deixou a escola, aos 16 fundou aprópria startup. Aos 33 anos anunciou a reforma e agora, dois anos depois, foi convidada para o governo de Taiwan, onde será a primeira-ministra transgénero.
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Em 2006, depois de mudar de sexo, Autrijus Tang passava a chamar-se Audrey. Agora, aos 35 anos, esta perita em programação foi convidada para integrar, a 1 de outubro, o governo de Tsai Ing-wen como ministra sem pasta. Torna-se assim a mais jovem e a primeira transexual a chegar ao executivo em Taiwan.

No yuan, como é conhecido o governo da República da China (nome oficial de Taiwan, a ilha para onde os nacionalistas chineses liderados por Chiang Kai-shek fugiram em 1949 após a vitória dos comunistas de Mao Tsé-tung na China e hoje vista por Pequim como província rebelde), Audrey Tang será responsável pela política digital do executivo de Tsai, ela própria a primeira mulher eleita presidente de Taiwan, pelo Partido Democrático Progressista.

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Com um QI de 180, Tang cedo se começou a destacar. Ainda na primária já lia os clássicos da literatura em várias línguas e conseguia resolver equações complexas. E aos 8 anos, depois de ler alguns livros sobre programação de computadores, começou a interessar-se por essa área. Mas como não tinha computador em casa, aprendeu a programar sem máquina - através de desenhos e números em folhas de papel. Até que os pais lhe compraram o primeiro computador. O seu primeiro programa foi um jogo educativo para o irmão mais novo.

Aos 12 anos, incapaz de se adaptar ao sistema de ensino tradicional, deixou a escola e aos 16 fundou a sua própria startup. Três anos depois já tinha trabalhado com algumas das maiores empresas de software de Silicon Valley, na Califórnia. Empenhada em aprender mais sobre filosofia, sociologia e literatura, Tang dedicou parte da juventude a cultivar-se. E aos 33 anos, cansada do mundo da informática, anunciou que se ia reformar.

A paixão pela política vem-lhe de família, uma vez que o pai é um estudioso do movimento estudantil de Tiananmen em 1989. "Cresci entre ativistas que lutaram muito a favor do processo democrático", confessou Tang ao semanário francês L"Obs.

Quando chegou a sua hora de entrar na luta, Tang escolheu a arma que conhece melhor: o computador. Na primavera de 2014, quando os estudantes saíram às ruas de Taipé para protestar contra a assinatura de um tratado comercial com Pequim, Tang pôs todas as suas capacidades ao serviço da defesa da liberdade de expressão. Sugeriu ao movimento instalar um ecrã na fachada do Parlamento, que transmitia os debates no interior. Segundo a própria, o facto de haver câmaras por todo o lado ajudou a manter pacífico o chamado Movimento Girassol, até o governo anunciar que desistia do acordo.

Agora, o novo executivo à frente da ilha espera que Tang venha ajudar a conquistar as novas gerações. Ela quer apenas pôr as pessoas a falar livremente.

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