Assaltantes de tabaco tentaram matar militares da GNR
Entre os grupo de arguidos acusados pelo Ministério Público estão três mulheres que alegadamente recebiam os artigos roubados. Em conjunto, todos respondem por 90 crimes.
Os ataques à GNR, descritos no processo, ocorreram na madrugada de 2 de julho de 2010, quando militares do posto de Lever, Gaia, tentaram barrar o caminho aos cinco principais arguidos, que circulavam numa viatura Renault Trafic (furtada e com matrículas falsas), depois de rebentarem uma máquina de tabaco, roubada em S. Pedro da Cova, Gondomar.
Numa primeira barreira policial, um militar da GNR escapou a uma tentativa de atropelamento e outro colega que tentou usar a arma ficou ferido, ao ser colhido pelo veículo dos assaltantes.
Uma segunda patrulha da GNR também tentou barrar o caminho aos assaltantes, que reagiram a tiro. Os arguidos, descreve o Ministério Público, tentaram atingir um dos polícias, que se resguardou, pelo que o projétil atingiu o para-brisas do carro-patrulha, estilhaçando-o.
Nas 170 páginas da acusação, deduzida pela 1.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, descrevem-se seis roubos de máquinas de tabaco, consumados entre 08 de março e 18 de novembro de 2010 em cafés e pastelarias dos concelhos de Paredes, Gondomar, Maia e Valongo.
Vizinhos que espreitavam à janela, alertados pelo barulho dos assaltantes, eram ameaçados com arma de fogo e um deles chegou mesmo a ser baleado no rosto.
Armazéns, talhos, uma residência e uma ourivesaria foram igualmente assaltadas pelo grupo, que também recorreu ao furto e ao roubo de viaturas, a maioria para a deslocação aos estabelecimentos-alvo, conta-se nas 170 páginas da acusação.
Um dos assaltos mais produtivos terá sido o consumado em 30 de julho de 2010, a uma ourivesaria de Castelo de Paiva, de onde foram roubadas peças no valor de 110 mil euros. Os assaltantes deslocaram-se num veículo furtado que vieram a incendiar.
Segundo o DIAP, o grupo usava uma "garagem de recuo" em Gondomar para planear os assaltos e guardar o produto dos roubos, bem como os automóveis que usava nos ilícitos, também eles roubados ou furtados e aos quais mudava as matrículas frequentemente.
Algumas dessas matrículas falsas eram feitas numa máquina do próprio grupo, no interior da "garagem de recuo", especifica a acusação. Para consumar os assaltos, os arguidos muniam-se de armas de fogo, gorros e, quando atuavam à noite, levavam lanternas próprias de mineiros.
O DIAP garante que os cinco principais acusados do processo combinaram que as armas seriam usadas "como instrumento dissuasor", mas também "como instrumento letal de agressão caso a mera dissuasão não resultasse".
Acordaram ainda que se viessem a ser intercetados pelas entidades policiais, "utilizariam as referidas armas, ou qualquer outro meio de que dispusessem para impedir tal, designadamente acordando em tirar a vida a quem se lhes opusesse", acrescenta a acusação.