As algas podem ser a solução para criar condições de vida em Marte

Pesquisas reforçam esperança em que o organismo verde e viscoso, responsável por metade do oxigénio que se respira na Terra, contribua para fazer de Marte o planeta habitável do futuro
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Marte é cada vez mais a obsessão de cientistas que tentam encontrar um refúgio habitável, no futuro, para fazer face à acelerada degradação em marcha na Terra. Mas criar condições de sobrevivência no espaço e no planeta vermelho continua a ser o maior desafio. Nessa equação, as algas têm surgido como uma das soluções mais promissoras para que o homem possa vir a pisar e, quiçá um dia, viver em Marte.

A mais de 226 milhões de quilómetros de distância da Terra, os nove meses de duração aproximada de uma viagem a Marte está entre os desafios a enfrentar e torna essencial encontrar uma maneira de garantir elementos de sobrevivência a viagens tripuladas de tão longa duração - alimentos, remoção de resíduos, proteção contra radiação, água e, claro, oxigénio.

Ora, uma linha recente de pesquisa reforça a sugestão de que as algas podem ser a chave para essas viagens espaciais de longo prazo. " O meu grupo acredita que poderia ser possível abordar quase todas as necessidades metabólicas do astronauta com um sistema de algas", diz Emily Matula, da Universidade do Colorado em Boulder, citada pela revista Wired.

Matula acredita que um sistema de algas permitira reduzir o desperdício de energia, usando circuitos semelhantes aos que estão a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), e poderia transformar dióxido de carbono em oxigénio.

Mas isso pouco valerá se não for possível cultivar algas no espaço. De fevereiro a agosto do ano passado, a experiência Space Algae da NASA, a bordo da ISS, estudou a maneira como as algas crescem na microgravidade.

"Queríamos descobrir uma maneira barata de cultivar algas em culturas líquidas no espaço", refere Mark Settles , da Universidade da Flórida, principal investigador do projeto. "As algas crescem mais rapidamente em líquidos, mas há uma série de desafios no tratamento de líquidos em microgravidade", explica.

Já em fevereiro de 2017, um outro estudo feito na Estação Espacial Internacional alcançou um resultado importante: duas espécies de algas verdes conseguiram sobreviver mais de dois anos no espaço. De mais de 500 amostras de espécies de algas provenientes de zonas extremas do globo, recolhidas por Thomas Leya, do Instituto de pesquisa alemão Fraunhofer-Gesellschaft, as duas sobreviventes foram a blue-green, uma cianobactéria, e a biofilme.

O resultado, de acordo com a comunidade científica, é esperançoso para a possibilidade de cultivo de plantas em Marte que ajudem na produção de oxigénio, fundamental para o planeta vermelho poder ser habitável no futuro. A atmosfera
A atmosfera de Marte é cerca de 100 vezes mais fina do que a da Terra e é formada principalmente por dióxido de carbono, que torna o ar impossível para os humanos respirarem.

Ainda sem a tecnologia necessária para criar uma atmosfera respirável num planeta com apenas 0,13% de oxigénio (a Terra tem 21%), as algas parecem ser, para já, a melhor hipótese para um futuro em Marte.

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