Artistas Unidos estreiam hoje "A Estupidez"
Os Artistas Unidos estreiam hoje em Lisboa, A Estupidez, de Rafael Spregelburd, numa encenação de João Pedro Mamede, segundo o qual se trata de "uma peça sobretudo para atores jogarem".
"São cinco histórias contadas em simultâneo, um dos núcleos é de apostadores, e coloca-se muitas vezes esta questão: 'Temos mesmo de ser cinco jogadores?' E, na verdade, estes cinco atores fazem 24 personagens a uma velocidade assombrosa", adiantou à agência Lusa o encenador.
"Essa vertigem, essa velocidade, interessa-me imenso trabalhar. Ou seja, tanto uma como outra são duas coisas que, no presente, não podemos controlar, e também a ideia de que um acontecimento mínimo pode gerar uma catástrofe. Politicamente, isso interessa-me imenso", afirmou João Pedro Mamede.
A Estupidez está em cena a partir de hoje até 25 de fevereiro no Teatro da Politécnica, no Príncipe Real, em Lisboa, com os atores Andreia Bento, António Simão, David Esteves, Guilherme Gomes e Rita Cabaço. A cenografia e figurinos são de Rita Lopes Alves e a iluminação de Pedro Domingos. A peça do autor argentino de 46 anos, de quem os Artistas Unidos levaram à cena "A Modéstia", em 2014, foi traduzida por Alexandra Moreira da Silva e Guillermo Heras.
O encenador disse à Lusa que a peça, que decorre em Las Vegas, em quartos de hotéis diferentes, "não se desenvolve num ambiente claustrofóbico, pois a vertigem não é de um espaço mental". "A vertigem aqui é física, realmente, estes atores precipitam-se para o fim do espetáculo, desde o seu início, e o jogo aqui é físico e da própria linguagem", acrescentou.
Segundo o encenador, uma das questões que a peça coloca "é de que aqueles personagens não se escutaram uns aos outros, não se ouvirem e falarem só eles, nem pensarem o quer que seja do outro, ou seja o mundo que está perdido. É o fim da linguagem", rematou.
A Estupidez é a quarta peça do ciclo "Os sete pecados de Jerónimo Bosch", do autor argentino, da qual faz também parte A Modéstia, levada à cena em Lisboa em 2014. Segundo uma nota dos Artistas Unidos, trata-se de "uma farsa trágica, um carrossel vertiginoso de situações triviais e ficcionadas, uma paródia aos dias das nossas televisões, um carnaval terrível".