Arqueólogos tentam localizar em Portimão vestígios de naufrágio
A investigação ocorre no âmbito de uma campanha subaquática que arranca esta quarta-feira, disse à Lusa um responsável do projeto. O trabalho de campo, que vai durar duas semanas, consiste numa primeira fase na prospeção visual e no registo, através de fotografias e desenhos, e no levantamento de vestígios que estiverem mais à superfície, explicou o arqueólogo Cristóvão Fonseca.
Admite-se que num dos locais identificados para prospeção possa ter ocorrido um naufrágio na época romana, devido à descoberta de uma grande concentração de ânforas (espécie de vaso em cerâmica), algumas ainda completas.
Contudo, a hipótese só poderá ser confirmada com o avanço de trabalhos de escavação que, consoante os resultados obtidos agora, poderão realizar-se em 2013, já que a zona pode ter servido apenas como fundeadouro, referiu Cristóvão Fonseca.
A confirmar-se, a zona pode passar a integrar o roteiro turístico de mergulhadores, atraindo curiosos a Portimão, cidade ao largo da qual vão ser afundados no final deste mês dois navios para visitas subaquáticas.
"A antiguidade dos vestígios e a possibilidade de contar uma história tornam o mergulho naquela zona mais interessante", observou o responsável.
O arqueólogo e José Bettencourt são os coordenadores da campanha arqueológica promovida pelo Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Os trabalhos, que deverão prolongar-se durante os próximos três a quatro anos, enquadram-se no projeto de investigação "Entre o Mediterrâneo e o Atlântico: uma aproximação ao património cultural subaquático do estuário do rio Arade".
Além daquela zona, os arqueólogos irão mergulhar nas áreas Ponta do Altar A e B, onde foram encontrados um conjunto de cinco canhões de ferro e balas, e ainda cinco bocas-de-fogo em bronze, datados entre os séculos 17 e 18.
O estudo das bocas-de-fogo, identificadas na década de 1990, apontou para um naufrágio, naquela área, de um navio eventualmente ao serviço da coroa espanhola, no início do século 17.
Noutra zona a explorar, encontra-se parcialmente soterrado um navio em madeira de grandes dimensões, da mesma época, acrescentou.