Armas para a frente, diálogo para Macron e Kiev

EUA e aliados decidem novas entregas de armamento. Presidente francês quer "discussões aprofundadas" com Kiev.
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Enquanto no leste da Ucrânia os repórteres da AFP testemunharam o funcionamento - e as capacidades - do sistema francês CAESAR (Camiões Equipados com Sistema de Artilharia), em Constanta, ao lado do homólogo romeno, o presidente Macron defendeu "novas discussões aprofundadas" com a Ucrânia. Em Bruxelas, no quartel-general da Aliança Atlântica, o secretário da Defesa dos EUA instou os aliados a contribuírem de forma mais rápida com armamento para Kiev, e o seu departamento anunciou um novo apoio de mil milhões de dólares em equipamento e assistência. Vladimir Putin ouviu de Xi Jinping o apoio mais explícito até agora, ao afirmar que a China está disposta a apoiar a Rússia na sua "soberania e segurança".

"Este sistema é sobretudo muito manobrável e móvel", disse o oficial Glib, da 55.ª brigada da Ucrânia, à AFP, sobre os obuses autopropulsados CAESAR. "Na guerra moderna, este é um fator crucial." Noutra reportagem, da estação pública France2, foi afirmado que numa dezena de dias as peças de artilharia francesas tinham destruído mais de 80 russas.

Citaçãocitacao"Macron está a caminhar numa corda bamba. Recusa-se a mostrar-se como beligerante para os russos e quer evidenciar que o papel da França não é só humanitário."

Até agora, ao contrário do que tinha sido afirmado, os ucranianos receberam apenas seis CAESAR, e não 12 ou 18, consoante as fontes. Segundo a Europe1, outros seis serão enviados em breve - e o anúncio poderá ser feito pelo chefe de Estado francês em Kiev, uma viagem que poderá acontecer tão cedo quanto hoje. Segundo fontes militares ouvidas pela estação de rádio a ajuda francesa limita-se a pequenas quantidades devido a "resistência política" do presidente. "Emmanuel Macron está a caminhar numa corda bamba. Por um lado, recusa-se a mostrar-se como um beligerante para os russos. Por outro lado, quer evidenciar que o papel da França não se limita à ajuda humanitária."

Depois de ter dito e repetido que não se pode humilhar a Rússia e de ter avançado com a ideia de uma comunidade política europeia com os países que não têm condições para pertencer à UE - ideia secundada pelo primeiro-ministro português - o residente no Eliseu voltou ao tema do futuro da Ucrânia. "Nós, a União Europeia, precisamos de enviar sinais políticos claros à Ucrânia e ao povo ucraniano, que têm resistido heroicamente durante vários meses", disse ao lado do presidente romeno Klaus Iohannis.

"O contexto político e as decisões que a UE e várias nações terão de tomar justificam novas discussões aprofundadas e novos progressos", afirmou, lembrando que, quando as armas se calarem, "o presidente ucraniano e os seus líderes terão de negociar" com os russos. "Estaremos - nós, europeus - à volta dessa mesa."

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Noutra mesa, ministros da Defesa dos 30 países da NATO e mais 15 parceiros discutiram a ajuda a Kiev, enquanto Mikhailo Podolyak, conselheiro do presidente Zelensky, continuou a fazer pressão, dizendo que a artilharia russa é dez vezes superior em número. Ao lado do ministro da defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, o chefe do Pentágono disse que "os riscos são demasiado altos", pelo que os aliados "não podem dar-se ao luxo de relaxar e perder o ímpeto" na assistência militar. "A invasão não provocada e injustificável da Rússia não é apenas um perigo para a Ucrânia; é uma ameaça para a segurança europeia, afirmou Lloyd Austin.

cesar.avo@dn.pt

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