Área Metropolitana de Lisboa quer garantir 15% da produção alimentar da região em 2030
Chama-se Foodlink - Rede para a Transição Alimentar da Área Metropolitana de Lisboa e tem um objetivo ambicioso: conseguir no ano de 2030 garantir cerca de 15% do aprovisionamento alimentar da região para abastecer os seus 2,8 milhões de habitantes. Nesse sentido, haverá uma aposta em modos de produção sustentáveis, soluções inovadoras em áreas como a gestão da água para regadio e redes de distribuição de proximidade.
Para alcançar esta meta, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) conta já com cerca de três dezenas de parceiros, que vão desde autarquias a cooperativas de produtores e associações de desenvolvimento rural.
O embrião desta rede cresceu durante dois anos, entre 2019 e 2021, no âmbito do projeto europeu ROBUST e, desde então, teve diferentes designações até chegar ao nome e objetivos atuais. "Neste momento temos três grupos de trabalho: um que aborda as questões de estratégia e planeamento, outro que liga a produção, a distribuição e o consumo, enquanto o terceiro liga as áreas da educação e capacitação", explica Filipe Ferreira, secretário metropolitano da AML, ao DN.
Um dos grandes objetivos é, portanto, assegurar cerca de 15% da produção alimentar a ser consumida na região seja feita na Área Metropolitana de Lisboa em 2030. "É um caminho que não será fácil", admite, mas ainda assim a estratégia parece bem definida: "Queremos aumentar modos de produção sustentáveis, onde incluímos a produção biológica, a produção integrada e a agroecologia. Também queremos desenvolver soluções inovadoras, em particular nas questões relacionadas com a gestão da água para regadio, nas redes de distribuição de baixo carbono e as questões relacionadas com os circuitos alimentares de proximidade, que é algo que está a ser muito badalada, até no seguimento da covid-19", assume.
Em termos práticos, Filipe Ferreira explica que o objetivo "é trabalhar com os produtores, com as empresas de distribuição, para aumentarem a sua capacidade". "E isto pode ser feito aumentando a área agrícola disponível da AML", que, segundo os últimos dados disponíveis, ronda os 38%.
"Queremos aumentar essa área e também a eficiência e a sustentabilidade daquilo que já existe. No fundo, é este policy mix que queremos que aumente a produção. Porquê? Tanto as questões da covid-19, como as atuais questões geopolíticas na Europa têm de ter consequências, antes de mais, ao nível das políticas. E uma das políticas em que temos de ser muito consequentes e muito afirmativos são as relacionadas com a alimentação", acrescenta o secretário metropolitano da AML.
Neste momento, a Foodlink já conta com a participação de cerca de três dezenas de parceiros, número que está a aumentar com regularidade. Neste momento incluem já as associações de desenvolvimento local como a A2S e a ADREPES, dez câmaras municipais da AML (Almada e Amadora, a Cascais, Loures, Sesimbra e Vila Franca de Xira), a associação de produtores CONFAGRI, o MARL, o Estabelecimento Prisional de Sintra, que tem um projeto de economia circular, a cooperativa Rizoma, a Upfarming ou instituições da Administração Central como a Direção-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e a Direção-geral do Território.
"Nós temos aqui atores que têm projetos de hortas urbanas, mas também temos a ADREPES e a A2S que trabalham, por exemplo, na zona de Palmela, por um lado, na zona saloia de Mafra e Sintra, e que têm projetos de empreendedorismo agrícola dentro da Área Metropolitana de Lisboa", enumera este responsável. "Já fomos visitar herdades, cooperativas, empresas de distribuição e iremos brevemente ao Hub do Beato, que tem lá um projeto muito interessante gerido pelo Lisboa Inova. Fomos também visitar uma empresa de distribuição que tem um volume anual de negócios de 70 milhões de euros e que trabalha com produtores da área de Mafra, Sintra e Loures", enumera este responsável.
Além da identificação dos intervenientes desta rede alimentar, a Área Metropolitana de Lisboa, em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, está ainda a planear "identificar e desenvolver projetos-piloto de base local e regional, desenvolver um acordo-quadro para refeições escolares sustentáveis". "Vamos criar a marca Foodlink para os produtos da região, sendo que estamos identificar também possibilidades de financiamento para estes projetos, tanto a nível nacional como externo. Isto é realmente uma rede a trabalhar", conclui Filipe Ferreira.