Aquário Vasco da Gama abre sala interativa para atrair mais crianças

O Aquário Vasco da Gama abriu ontem ao público a sala "Janela para o Oceano", uma obra que demorou um ano a ser montada e teve um custo de 300 mil euros.
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Os tempos de pandemia foram aproveitados pelo Aquário Vasco da Gama, no Dafundo, para fazer algumas remodelações, a mais recente chamada "Janela para o Oceano", um espaço que abriu ontem ao público e que é uma sala totalmente interativa e a pensar nos mais novos. As obras desta sala, que ocupa o espaço do antigo tanque das otárias, duraram um ano e representam um investimento de 300 mil euros, suportado pela Marinha.

"Foi feito um mini anfiteatro com um mega ecrã interativo, é um dos maiores de Portugal e da Península Ibérica, com 20 metros quadrados, em que as crianças podem interagir com o ecrã com vários filmes didáticos, não só das características dos peixes que ali estão, como também com aspetos ligados à poluição. Nós temos um primeiro filme, com vários cenários do fundo do mar, mas a partir deste momento, com esta capacidade que o aquário tem, poderão ser produzidos mais filmes, com vários temas, ligados à literacia dos oceanos", explica do DN o comandante Nuno Leitão, diretor do Aquário Vasco da Gama.

Este grande ecrã encontra-se na parede principal da sala, mas existem mais zonas interativas nesta "Janela para o Oceano". "O chão terá um espaço também interativo em que os miúdos poderão interagir com os pés. Por exemplo, pisam uma tartaruga e a tartaruga indica que tem não sei quantas tartarugas mais pequeninas. O chão é como se fosse água, por isso, os miúdos quando andam é como se estivessem a chapinhar. É um chão interativo de inteligência artificial, com cerca de 8 metros quadrados, permitindo que as crianças, naquele espaço, se sintam dentro de água", acrescenta este responsável. Existem ainda duas mesas interativas onde os visitantes podem, por exemplo, desenhar peixes e enviar esses mesmos peixes para o oceano.

Dentro de uma a duas semanas, o Aquário Vasco da Gama irá apresentar ao público mais uma novidade: um grande aquário com enguias elétricas a gerarem energia. "As enguias elétricas produzem descargas até 860 volts e nós vamos ter um aquário com enguias elétricas, com medidores, para as crianças poderem visualizar as descargas que as enguias elétricas produzem", revela o comandante Nuno Leitão.

Na calha está também a digitalização de todo o acervo histórico do rei D. Carlos, o fundador do Aquário Vasco da Gama, de forma a quem esteja fora do edifício possa aceder a este espólio.

Os períodos de encerramento durante estes quase dois anos permitiram ao aquário-museu (o mais antigo do mundo aberto ao público) fazer outras alterações neste espaço centenário, como a remodelação total da antiga galeria dos invertebrados, agora chamada Galeria da Vida, uma obra feita com o apoio de um mecenas, o Grupo Sousa, e a reformulação da biblioteca do rei D. Carlos. "Vários aquários também foram reformulados e substituídos por outros mais modernos, com uma iconografia mais apelativa, permitindo às pessoas terem uma visita mais pedagógica e com uma maior capacidade de absorção daquilo que são os temas da preservação do ecossistema marinho. Também tivemos a Fundação Vodafone, que nos apoiou na implementação, em todo o aquário, de redes wi-fi, permitindo vários projetos agregados ao aquário, como o projeto dos sons do fundo do mar. Nós, hoje em dia, temos vários aquários em que as pessoas, através de um código QR, podem aceder aos barulhos que os peixes fazem no fundo do mar e isso é também uma forma diferente de comunicar aquilo que são as riquezas dos nossos ecossistemas marinhos", enumera o diretor do Aquário Vasco da Gama.

Todas estas novidades vão permitir, de acordo com as projeções, trazer mais visitantes ao Aquário Vasco da Gama. "Nós atualmente temos 60 a 70 mil visitantes por ano, isto, claro, antes da pandemia, - durante estes tempos de pandemia é difícil fazer um cálculo da média de visitantes que o aquário tem - mas o nosso grande objetivo é que, no final de 2023, termos cerca de 200 mil visitantes", refere o comandante Nuno Leitão, sublinhando que 2023 é uma data emblemática para o Aquário Vasco da Gama, pois é quando completam 125 anos de existência.

Mas os principais alvos deste espaço, em termos de público, vão continuar a ser as crianças. "Temos um grande espetro de visitantes, crianças, famílias, turistas. No entanto, as crianças são o nosso maior foco. Porque sendo um aquário educativo deve ser através das crianças que nós deveremos, com a capacidade deste espaço museológico e científico, passar os valores básicos da preservação do ecossistema marinho", defende o diretor do espaço.

"Neste momento, temos uma parceria com a Câmara de Oeiras, em que todos os alunos do 1.º e 2.º ciclo, inseridos nas suas atividades escolares, podem visitar o aquário. Nós temos biólogos que conduzem essas visitas e que, de uma forma muito pedagógica, tentam passar às camadas mais jovens a preocupação que todos devemos ter em cuidarmos de um oceano que é um bem comum de todos nós", remata o comandante Nuno Leitão.

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