Apesar das filas e dos 11 mortos, Nepal recusa restringir acesso ao Evereste

A superlotação originada pelo aumento de expedições, a falta de experiência de muitos alpinistas e as condições climatéricas adversas são apontadas como as principais causas para esta ser uma das temporadas com mais mortes na montanha mais alta do mundo. Mas a escalada continua a ser incentivada.
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O Governo nepalês emitiu este ano o maior número de licenças de sempre para subir o monte Evereste e não tenciona abrandar. As filas para atingir o pico da montanha com 8 848 metros de altitude estão constantemente a aumentar e podem colocar em causa a segurança dos alpinistas. Na temporada deste ano, que terminou terça-feira (28 de maio), morreram 11 pessoas durante a escalda, o número mais elevado dos últimos quatro anos.

Segundo os alpinistas ouvidos pela Associated Press, o aumento do número de pessoas a escalar a montanha mais alta do mundo é preocupante porque atrapalha o ritmo de escalada. Por causa da altitude, os alpinistas têm um tempo limite para alcançar o topo antes de correrem o risco de um edema pulmonar, motivado pela insuficiência de oxigénio. A última etapa da escalada (acima dos oito mil metros de altitude) é por isso conhecida como a "zona da morte".

Robin Haynes Fisher, um dos alpinistas que morreram este mês no Evereste, chegou a alertar para a superlotação na montanha, avisando que haveria filas com mais de 200 pessoas em direção ao cume. Muitas destas, sem experiência adequada para escalar a montanha.

Mas parece que o ritmo não irá abrandar nos próximos tempos. Pelo contrário, as campanhas de acesso ao Evereste "pelo prazer ou pela fama", como aconselha o secretário de Estado do Turismo nepalês, Mohan Krishna Sapkota, continuam e o tempo que se passa em cima da montanha permanece sem restrições. "Não temos regras nem regulamentos que digam quantas pessoas podem realmente subir e quando", diz Kul Bahadur Gurung, secretário-geral da Associação de Alpinismo do Nepal. "Há mais pessoas no Evereste do que devia ser possível", afirma.

Para subir o cume que se divide entre o Nepal e a China basta uma autorização médica e o pagamento de uma taxa: 11 mil dólares (quase dez mil euros). Este ano, foram emitidas 381 licenças, o número mais elevado de sempre, segundo o governo do Nepal, que tem cerca de 300 milhões de dólares de receita anual com a indústria da escalada. Mas o secretário de Estado do Turismo rejeita que o aumento das expedições esteja relacionado com as mortes; explica-as antes com o clima adverso ou com equipamento inadequado.

Na verdade, as 381 licenças significam um total de mais de 600 pessoas no Evereste, se contarmos com os sherpas e outro pessoal de apoio que acompanha os alpinistas.

Do seu lado (a norte), a China está a limitar o número de licenças aos alpinistas em um terço como parte de um plano de limpeza da montanha que se iniciou este ano.

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